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Harvard propõe mudanças em favela às margens da Billings

OESP, Metrópole, p. C8
04 de Mar de 2009

Harvard propõe mudanças em favela às margens da Billings
Alunos da universidade americana apresentaram projetos ontem à Secretaria de Habitação

Adriana Carranca

Sarah Dabbs, que no verão passado trabalhou na reconstrução de New Orleans, cidade americana destruída pelo furacão Katrina em 2005, ficou surpresa ao ver crianças brincando na água "visivelmente poluída" da represa Billings. Joseph Claghorn, que atuou em projetos de habitação no México, Vietnã e países da África, chocou-se com a falta de lazer nas comunidades do entorno. Andrew Brink, que pesquisa espaços vazios em assentamentos informais, espantou-se com a verticalização dos casebres da favela, "com até três andares".

Sarah, Andrew, Joseph e mais dez alunos de pós-graduação da Escola de Design da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, apresentaram ontem à Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) projetos que prometem mudar os cenários descritos acima na favela Cantinho do Céu, que tem 70 mil moradores e ocupa 150 hectares à beira da Billings. Eles são a primeira turma do intercâmbio para pesquisa firmado entre Harvard e Sehab.

O projeto mais elogiado, ontem, foi o de Claghorn. Ele propõe a criação de canais nas ruas largas da favela para, ao mesmo tempo, controlar enchentes e "filtrar" a água das chuvas, que, que ajuda a poluir o reservatório, com raízes de flores plantadas sobre pequenas balsas. Chaghorn trouxe a ideia da Cidade do México, onde visitou Xochimilco, comunidade que mantêm a tradição asteca do plantio sobre chinampas (balsas) nos poucos canais preservados da capital mexicana. "É uma fonte de renda, além de atrair outras classes. Em vez de drogas, comprariam flores", sonha.

A proposta dele é complementar às dos colegas. O foco de Sarah foi transporte. Ela propõe enterrar fios elétricos, hoje sobre torres de energia, e, em seu lugar, um corredor de ônibus ligando a favela ao Rodoanel, de um lado, e ao bairro de Santo Amaro, de outro. Ela propõe, ainda, ferrybcats públicos na Billings. "Os que argumentam que isso poderia atrair mais gente se esquece de que a urbanização existe. Falta consolidá-la de forma sustentável. Hoje, os moradores levam mais de duas horas para chegar ao centro", diz.

Por três meses, os alunos estudaram a Cantinho do Céu a distância. Em imagens de satélite, Andrew identificou 80 terrenos vazios. Se 20 deles virassem áreas de lazer, todos os moradores teriam a facilidade a menos de dez minutos a pé de suas casas. "Com até 100 metros quadrados, são bons para playgrounds, creches, quadras poliesportivas", diz. Se depender da indiana Rina Salvi, os moradores também terão um parque às margens da Billings.

Os custos da viagem a São Paulo são pagos pela universidade e duas empresas brasileiras patrocinadoras. Na segunda-feira, os alunos visitaram a Billings de barco e hoje farão pesquisa de campo na Cantinho do Céu. Os projetos finais serão submetidos à banca em maio. Os 20 escritórios de arquitetura contratados pela Sehab para a urbanização de favelas acompanham. Em 2008, alunos da Escola de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade Columbia, em Nova York, criaram projetos para o Grotão, área de risco na Paraisópolis. Três ideias foram adotadas.

OESP, 04/03/2009, Metrópole, p. C8

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