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Haitianos voltam a entrar ilegalmente no Acre, diz senador

O Globo, País, p. 4
09 de Abr de 2013

Haitianos voltam a entrar ilegalmente no Acre, diz senador
Segundo Jorge Viana, cota restrita de vistos não conteve onda migratória

Fernanda Krakovics

Precariedade. Os imigrantes ilegais vêm sendo abrigados em ginásio e já representam 10% da população de Brasileia
BRASÍLIA A cota de cem vistos por mês, ou 1.200 por ano, estabelecida pelo governo federal em janeiro de 2012 não conteve a entrada de haitianos ilegais no Brasil. Nestes três primeiros meses de 2013 ingressaram 1.700 haitianos ilegalmente pelo município de Brasileia, no Acre, localizado na fronteira com a Bolívia. A informação é do senador Jorge Viana (PT-AC), irmão do governador Tião Viana (AC), que cobra providências do governo federal. Aproveitando a rota aberta pelos haitianos, também vieram pessoas de Senegal, Nigéria, República Dominicana e Bangladesh.
No momento, de acordo com Jorge Viana, há 1.300 estrangeiros ilegais acampados em um clube de Brasileia, esperando a legalização de sua situação. Enquanto isso, cabe ao governo do Acre dar assistência a esses imigrantes.
A corrente migratória do Haiti começou em dezembro de 2010, após o terremoto que devastou o país. O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), vinculado ao Ministério da Justiça, não considera os haitianos como refugiados, pois eles não são perseguidos por motivos políticos, de raça ou religião em seu país. Por isso, o governo brasileiro optou pelo visto humanitário. Eles conseguem tirar carteira de trabalho e CPF para morar e trabalhar no Brasil. Muitos dos haitianos que chegam ao Brasil têm qualificação profissional - são engenheiros, professores - e foram absorvidos pelo mercado de trabalho, como na construção das usinas hidrelétricas do Rio Madeira. Mas essa situação teria mudado.
- Neste ano a coisa está desorganizada. Há mais de 40 dias que não há procura por parte de empresas. O governo do Acre fornece mais de quatro mil refeições por dia - afirmou Jorge Viana.
Pedidos por força-tarefa
O governo e os parlamentares do Acre querem a presença da Força Nacional de Segurança em Brasileia e também uma força-tarefa do governo federal.
- Hoje 10% da população de Brasileia são estrangeiros ilegais. E se acontece um crime? Eu estive lá no final de semana e fiquei preocupado porque está entrando muito bebida. O governo do Acre não tem condições de lidar com a situação. Aquilo ali não tem solução fácil, não pode ficar nas costas do governador. A Organização das Nações Unidas (ONU) também deveria estar lá - defendeu Jorge Viana.
O senador Aníbal Diniz (PT-AC) também cobrou a presença do governo federal com uma força-tarefa:
- No ano passado, o governo do Acre colocou 100% do orçamento da Secretaria estadual de Direitos Humanos para atender os haitianos.
Segundo Jorge Viana, a Polícia Federal está concedendo dez vistos por dia para esses estrangeiros e prometeu aumentar essa cota para cem por dia. Mesmo assim, de acordo com o petista, não seria suficiente, já que quase diariamente chegam mais pessoas ao Acre, na mesma situação.
exploração de máfias
Ainda de acordo com o senador, há quatro máfias que cobram de 3.000 a 4.000 dólares para trazer essas pessoas para o Brasil. Eles utilizam a Estrada do Pacífico, que passa pela tríplice fronteira - Brasil, Bolívia e Peru. Os haitianos fariam uma escala no Panamá, e a rota dos africanos passaria pela Espanha e, depois, pelo Panamá.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está em contato com os ministérios da Justiça e do Desenvolvimento Social para criar um grupo de trabalho e tomar providências.

O Globo, 09/04/2013, País, p. 4

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