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Guaranis prometem deixar fazendas invadidas hoje

OESP, Nacional, p. A7
02 de Fev de 2004

Guaranis prometem deixar fazendas invadidas hoje
Pelo acordo firmado com a Funai, índios deixariam 11 propriedades para se concentrar em 3

JOÃO NAVES DE OLIVEIRA
Especial para o Estado

Está marcada para hoje o início da desocupação de 11 das 14 fazendas invadidas entre as cidades de Iguatemi e Itaporã no extremo sul de Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraguai, por índios caiovás-guaranis. As invasões começaram no dia 22 de dezembro e terminaram no final do mês passado, quando os invasores conseguiram ocupar uma área de 9.400 hectares, que consideram terras de seus antepassado. Eles alegam, ainda, ter direito de tomar posse dos imóveis.

A questão deverá ser decidida hoje no Tribunal Regional Federal (TRF), em São Paulo, conforme acreditam os advogados dos fazendeiros que têm suas áreas invadidas pelos índios. Entretanto, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, firmou acordo com os líderes das invasões na sexta-feira, para que os caiovás desocupem 11 fazendas e fiquem concentrados nas outras 3, até que a Justiça decida o caso. Mércio, na ocasião, garantiu aos caciques que a demarcação das áreas reivindicadas será realizada o mais rápido possível.
Foi uma "aty guassu" (grande reunião em tupi-guarani), conforme disseram os caciques. Porém, ainda não existe a palavra final dos fazendeiros, que resistem em deixar as três fazendas para os índios.
Eles não participaram do encontro de Mércio com os líderes indígenas, realizado na Aldeia Jaguapiré, em Tacuru, a 30 quilômetros da zona de conflito. O produtores rurais, de posse dos títulos legais das áreas ocupadas pelos caiovás-guaranis, estão aguardando a decisão judicial.

Agravo - Deverá ser apreciado hoje o agravo regimental pedindo a desocupação total das 14 fazendas. O advogado Osmar Silva, que representa os fazendeiros, quer a revisão da decisão da desembargadora Consuelo Yoshida, que suspendeu até o dia 10 o mandado de reintegração de posse já concedido.
A expectativa é sobre se a desembargadora decidirá definitivamente sobre o conflito ou devolverá a causa para o juiz federal em Mato Grosso do Sul Odilon Oliveira, que concedeu liminar aos produtores rurais, autorizando o despejo.

Perdas - Caso saiam vencedores da demanda, uma outra ação será ajuizada solicitando indenização pelos prejuízos causados pelos índios em todos os imóveis que invadiram. O produtores iniciaram na semana passada o levantamento de tudo que estão perdendo, principalmente no que se refere à depredação das sedes e casas de empregados, que foram destruídas e tiveram telhado, móveis, portas e janelas levadas pelos invasores.
O objetivo dos índios é anexar mais 7.800 hectares à Aldeia Porto Lindo, situada em Japorã. Assim, ela passaria dos atuais 1.600 hectares para 9.400.
Desde o final da tarde de sábado, os habitantes da mesma aldeia amargam a tragédia ocorrida no local. O índio Valdemir Tapere jogou o filho, de 2 anos, em um poço profundo. A criança foi retirada morta. A Polícia Militar colheu informações na aldeia dando conta de que Tapere havia tido séria discussão com a mulher.

OESP, 02/02/2004, Nacional, p. A7

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