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Grupo Pataxó invade o Parque Nacional Descobrimento

Ibama-Eunápolis-BA
22 de Ago de 2003

Um grupo de cerca de 20 famílias que se apresentam como indígenas da etnia
Pataxó invadiu no último final de semana o setor leste do Parque Nacional
Descobrimento, no Extremo Sul da Bahia. Os índios fecharam o acesso à região em litígio e não admitem a entrada de representantes do Ibama no local. Esta é a
segunda invasão neste ano na unidade de conservação. Outras seis famílias de
descendentes indígenas ocuparam a região norte do parque no último mês de
junho.

As famílias que ocupam o Parque Nacional Descobrimento estavam antes no
distrito de Cumuruxatiba, onde aguardavam o desfecho de Grupo de Trabalho da
Fundação Nacional do Índio (Funai), que está definindo os limites do território
Pataxó no Extremo Sul da Bahia.

A ocupação supreendeu os representantes do Ibama no Extremo Sul da Bahia, que vinham mantendo diálogo com os grupos indígenas do entorno da unidade de
conservação, com a Funai e com organizações não governamentais em busca de
alternativas sustentáveis para diversos grupos descendentes de Pataxós
localizados na região.

Desde a última segunda-feira, o Ibama tem repassado informação e solicitado
apoio a autoridades governamentais, em busca de uma solução para a ocupação. Ao mesmo tempo, a Procuradoria do Ibama, atendendo a obrigação legal, prepara ação judicial em que solicita a reintegração de posse da área invadida.

A ocupação humana, além de ser proibida por lei, traz sérios riscos ao Parque
Nacional Descobrimento, que é o maior fragmento protegido de Mata Atlântica do
Nordeste Brasileiro, com área de 21.129 hectares. A unidade de conservação é
tombada pela Unesco como Sítio do Patrimônio Mundial Natural e é zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Os títulos reconhecem o grande número de espécies endêmicas (que só ocorrem naquela região) e ameaçadas de extinção que habitam seu interior. Boa parte de sua biodiversidade não é sequer conhecida.

A unidade de conservação destaca-se também por ser uma das únicas áreas de
florestas de tabuleiro ainda preservadas no Brasil e por ser um dos últimos
abrigos disponíveis no Nordeste para grandes mamíferos, como a onça pintada e o macaco prego, que necessitam de áreas superiores a 20 mil hectares para se
reproduzirem.

Estima-se hoje que restem apenas cerca de 7,3% da cobertura original da Mata
Atlântica, uma das regiões com maior número de espécies endêmicas do mundo,
muitas seriamente ameaçadas de extinção. A diminuição de habitats, resultado da
atividade humana predatória, é hoje a principal causa da sensível diminuição de
espécies endêmicas na região.

Fonte para mais informações:
- Benevaldo Guilherme Nunes, chefe do Parque Nacional do Descobrimento - (73)
298-1145
- Assessoria de Imprensa - Marco Tulio - 281-1652 ou 1526

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