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Grupo Interministerial faz reunião com líderes indígenas em Roraima

CIR-Boa Vista-RR
26 de Jan de 2004

O Grupo de Trabalho Interministerial criado pelo presidente Lula para analisar a transferência de terras da União para o Estado de Roraima reuniu-se com líderes de Roraima na sede do Conselho Indígena, no dia 24 de janeiro. Além da coordenação do CIR, participaram da reunião as coordenações da Associação dos Povos Indígenas (Apirr), dos Professores (Opir) e das Mulheres Indígenas de Roraima (Omir).
Johaness Eck, coordenador do GTI, disse que o Grupo tem a missão de elaborar um relatório sobre a situação fundiária de Roraima para orientar o presidente Lula a tomar uma decisão sobre a transferência de terras da União para o Estado. Apesar de toda a pressão da bancada parlamentar e do governo estadual, Eck explicou que o GTI não tem como objeto de análise a terra indígena Raposa Serra do Sol. "A homologação não é negociável", disse.
Júlio de Souza Macuxi, em nome do Conselho Indígena de Roraima, entregou documentos sobre a situação administrativa das 32 terras indígenas de Roraima, dados populacionais da presença índia e não índia e o relatório de violência com os povos macuxi, wapichana, ingarikó, taurepang e patamano.
O coordenador da Organização dos Professores Indígenas de Roraima - Opirr, Enilton André da Silva, expôs sobre as conquistas no campo da educação indígena diferenciada e deu o exemplo do curso superior de Licenciatura Intercultural que os professores macuxi e wapichana fazem na Universidade Federal de Roraima. "Estamos prontos pra desenvolver a Raposa Serra do Sol e ajudar a desenvolver Roraima", garantiu.
Em nome das mulheres indígenas, Lavina Salomão denunciou a venda e consumo de bebidas alcoólicas nos vilarejos instaladas no interior das áreas indígenas. Ela exemplificou as vilas de Pacaraima e Uiramutã, como os principais pontos de venda de bebida alcoólica. "Lutaremos até o último índio", com esse desabafo, Lavina encerrou o discurso aos integrantes do GTI.
A advogada do CIR, Joênia Wapichana, alertou o GTI sobre os investimentos ilegais nas terras indígenas patrocinados com recursos da União. "A União Federal não pode liberar recursos para as prefeituras ou através de financiamentos bancários para projetos que depois a própria União vai ter que indenizar", sugeriu a assessora jurídica.
Após ouvir atentamente as lideranças indígenas, Eck limitou-se a dizer que "nosso [do GTI] compromisso é tratar no relatório final todas essas questões que os senhores apresentaram de forma a ajudar o presidente Lula a tomar uma decisão correta. "A gente fica muito contente pela acolhida e a apresentação de propostas tentando ajudar na solução do problema", finalizou.
A reunião não constava na agenda oficial e só aconteceu por solicitação do coordenador do GTI. Padre Antônio Fernandes, coordenador da Missão Consolata foi convidado pelo GTI a participar do encontro, representando a Diocese. Segundo Eck "era muito importante para o Grupo ouvir todos os segmentos".

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