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Grupo de rap formado por índios se apresenta no Sesc

A Cidade - http://www.jornalacidade.com.br
Autor: Aline Bonilha
03 de Set de 2013

Para quem acha que o rap é um ritmo típico da periferia das grandes cidades, o Brô Mc's prova o contrário, mostrando que o estilo de música está presente também nas aldeias indígenas do Brasil.

O grupo formado por quatro jovens da aldeia Jaguapiru Bororó, localizada próxima ao centro urbano de Dourados (MS), se apresenta na noite desta quarta-feira (4), na área de convivência do Sesc Ribeirão.

Brô Mc's é o primeiro grupo de rap indígena do Brasil e em suas músicas, os jovens das etnias Guarani e Kaiowá, que têm entre 20 e 26 anos, misturam o português com o guarani e abordam nas suas letras, temas da realidade da aldeia onde vivem, seus sonhos, lutas e cultura.

Bruno Veron, o fundador do grupo, conta que todos na aldeia começaram a gostar de rap ouvindo um programa de rádio chamado 'Ritmos da Batida' e, a partir daí, resolveram pesquisar um pouco mais sobre aquele ritmo. Mas nada muito sério.

"Na época a gente brincava, gravava alguns tapes e mostrava para os amigos, até que surgiu a ideia do grupo, mas ninguém levava a sério. Então prestei atenção em uma letra que retratava coisas parecidas com as que vivíamos na aldeia e comecei a escrever algumas coisas", conta o rapaz, em entrevista por telefone.

Em 2008, na escola, Bruno se juntou a seu irmão, Clemerson, e outros dois amigos, que também são irmãos, Kelvin e Charles Peixoto, e começaram a 'mistura', como ele mesmo diz.

O nome do grupo vem justamente pela junção dos irmãos, brincando com a palavra norte-americana "brother".

"Queria fazer a diferença com essa mistura do português com o guarani", explica Bruno.

Fase Terminal

No mesmo ano, Higor Lobo, coordenador estadual da Central Únicas das Favelas (CUFA) de Mato Grosso do Sul, e do grupo de rap "Fase Terminal", que segundo Bruno, foi uma de suas maiores inspirações, resolveu convidar os jovens para participar da música "No Yankee", usando a mistura das línguas.

Com a canção, o Brô Mc's venceu o Festival Rap Popular Brasileiro e ganhou o direito de representar o estado do Mato Grosso do Sul na final nacional do festival no Rio de Janeiro, em 2009.

Higor conta que o grupo chamou muito sua atenção e com a CUFA começou a realizar oficinas de hip hop na aldeia, para potencializar o talento dos meninos.

"Neste período surgiu a ideia de gravar um CD demo e hoje continuo contribuindo com o grupo, agora como produtor e ainda fazemos algumas parcerias em algumas músicas", informa Higor.

Conexão

O CD demo foi lançado em 2009, durante o Festival Conexão Hip Hop, em Dourados.

A mistura das culturas não acontece somente nas letras das músicas. Nas apresentações, os jovens misturam roupas tradicionais do homem branco, como camiseta e calça jeans, com elementos indígenas, como cocar de penas e pinturas no rosto.

O grupo já se apresentou em programas da Rede Globo como Altas Horas e TV Xuxa, além de viajar para apresentações nos arcos da Lapa no Rio de Janeiro e alguns locais da cena hip hop em São Paulo.

Se não bastasse, ainda cantaram na posse da presidente Dilma Rousseff em Brasília.

O que parecia uma brincadeira entre jovens silvícolas, parece estar se tornando algo realmente sério.

Os rappers do Brô Mc's pretendem investir mais na carreira e, para isso, estão em busca de aprimoramento técnico.

"Fizemos um curso de percussão e pretendemos usar o que aprendemos em novas músicas", conta Bruno.

Central de favelas foi criada no rio de janeiro

A CUFA - Central Única das Favelas - que apoia o grupo de rap indígena é uma organização espalhada por todo o país. Foi criada a partir da união entre jovens de várias favelas do Rio de Janeiro - principalmente negros.

A organização tem o rapper MV Bill como um de seus fundadores. Além dele, a CUFA conta com Nega Gizza, uma forte referência feminina no mundo do rap. Nega Gizza é também diretora do HUTÚZ, o maior festival de Rap da América Latina, que é produzido pela central. O Hip Hop é a principal forma de expressão da CUFA e serve como ferramenta de integração e inclusão social.

*Link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=oLbhGYfDmQg

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