VOLTAR

Grupo de índios monta ocas em área revitalizada vizinha ao Maracanã

O Globo oglobo.globo.com
Autor: CAROLINA CALLEGARI / RENAN RODRIGUES
17 de Abr de 2017

RIO - O estádio do Maracanã hoje tem na vizinhança construções feitas de bambu. Acampados desde outubro do ano passado em um estacionamento ao lado do antigo Museu do Índio, cerca de 15 índios, representantes de cinco etnias (Axaninca, Guajajara, Xukuru, Tembé e Puri), montaram no local sete ocas para marcar território. O grupo, que na próxima quarta-feira celebra o Dia do Índio, reivindica a recuperação do antigo museu e a criação de uma universidade indígena.

- Estamos abandonados pelo estado. Uma equipe da Seop (Secretaria de Ordem Pública) esteve aqui em novembro do ano passado, mas não saímos. Nunca recebemos um contato de algum representante do governo estadual para conversar sobre a recuperação do Museu do Índio. Não queremos morar. Estamos aqui pela ocupação, pelo movimento - diz Dario Xukuru, de 36 anos.

A Secretaria estadual de Fazenda e Planejamento afirmou, em nota, que área, revitalizada para a Copa de 2014, passou por vistoria. De acordo com a pasta, o terreno pertence ao governo e "tem natureza de bem de uso comum do povo". Por isso, os ocupantes não podem ser removidos, afirma a secretaria.

"UM TERRITÓRIO SAGRADO"

O estacionamento construído para servir ao estádio, aos poucos, vai mudando de cara. O asfalto está sendo retirado, e, em seu lugar, surgem árvores como Jatobá e plantações de banana, milho e abóbora. Apesar das iniciativas sem autorização do poder público, integrantes do movimento dizem que buscam recuperar "um território sagrado". Eles reclamam que o local foi se degradando nos últimos anos em meio a impasses políticos e obras de infraestrutura, como a passarela de pedestres que liga a Quinta da Boavista ao estádio.

PUBLICIDADE

- Nós não fomos consultados sobre a passarela, e ela está na área que é nossa. Queremos que se cumpra as obrigações. Era para ter tido a reforma do Museu do Índio em 2013, e não fizeram nada até agora - critica Ash Ashaninka, desde 2006 no movimento Aldeia Maracanã e há três meses na ocupação.

O prédio do museu fica ao lado do espaço hoje ocupado, que voltou a ser chamado de Aldeia Maracanã. Ele deveria ter passado por reformas, sendo transformado no Centro de Referência da Cultura Indígena, conforme publicação no Diário Oficial de 2013. A decisão partiu do então governador, Sérgio Cabral, e do ex-prefeito Eduardo Paes. Enquanto não há qualquer solução do governo para a área, os índios acampados organizam encontros para falar sobre a cultura de diferentes tribos. Para este mês, o grupo planeja o "Abril Indígena", com atividades culturais e até uma roda de conversa com pesquisadores da história indígena no Brasil.

- Temos a ideia de resgatar a terra, criando uma ponte com a troca de saberes da cultura ocidentalizada. Toda a população tem um pouco do indígena no sangue, mesmo sem o fenótipo. Queremos que as pessoas se reconectem com a ancestralidade por meio das atividades. É para resgatar esse espaço, trazer de volta nossa cultura ao dia a dia - diz Dario Xukuru.

http://oglobo.globo.com/rio/grupo-de-indios-monta-ocas-em-area-revitali…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.