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Gravidez renova esperança de perpetuação da etnia

O Popular (Goiânia - GO) - www.opopular.com.br
Autor: Malu Longo
04 de Nov de 2015

O anúncio da chegada de mais um bebê avá-canoeiro enche de alegria membros da etnia que vivem entre os municípios goianos de Minaçu e Colinas do Sul, no Norte do Estado, e também indigenistas. É uma esperança de perpetuidade que se renova desde 2010, quando a então integrante mais jovem da comunidade, Niwathima, se casou com o índio tapirapé Kapitmomy`i, conhecido como Parazinho, da tribo de Confresa (MT). Da união do casal já nasceram o garoto Pantx'o, prestes a completar quatro anos, e a menina Mareapatyre, de oito meses.

Niwathima está grávida do terceiro bebê, que será o nono membro do grupo. Ela descobriu a gestação em meio aos preparativos para o primeiro de três procedimentos cirúrgicos que a caçula terá de se submeter para a correção de lábio leporino.

Técnico indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) e hoje a pessoa mais próxima dos avá-canoeiro, o arquiteto Renato Sanchez conta que o casal estava na aldeia dos tapirapé para o nascimento da garota quando foram surpreendidos pela notícia. "Ficaram muito assustados no início, mas depois vieram para o Hospital Materno Infantil (HMI) aqui em Goiânia e, após exames, foram informados de que era preciso aguardar alguns meses para fazer a correção." A primeira cirurgia está prevista para este mês.

As crianças já enchem de vida a aldeia dos avá-canoeiro. Elas são fruto de um arranjo feito pelo então chefe do posto indigenista avá-canoeiro, Walter Sanches, que promoveu encontros de Niwathima e do irmão Trumack com integrantes dos tapirapé, nação que, como os avá-canoeiro, é tupi-guarani.

Os filhos da união de Niwathima e Parazinho são a esperança de continuidade da etnia que chegou a ter 2 mil membros numa vasta área do Cerrado. Perseguidos e dizimados a bala pelos brancos, os poucos remanescentes passaram décadas longe da civilização, se escondendo em matas e cavernas. "Eles são um dos últimos grupos humanos na Terra que habitaram cavernas, por isso a sua importância", explica Renato Sanchez.

Abertura

Em 1983, quando se renderam a fazendeiros no Norte de Goiás, eram apenas quatro. Walter Sanches chegou à região em 1990. Na época, já tinham nascido as crianças Trumack e Niwathima. Por ocasião do nascimento de Pantx'o, o técnico indigenista contou ao POPULAR que os dois mais novos membros da tribo se mostravam mais abertos a conhecer outros mundos, por isso ele promoveu o encontro com os tapirapé, do mesmo tronco tupi.

Os mais antigos temiam a chegada de crianças porque, historicamente, durante as invasões dos homens brancos, elas eram as primeiras vítimas. Quando sobreviviam, denunciavam com o choro a presença de adultos.

Com o grupo envelhecendo e sem possibilidade de novos casamentos, o encontro de Niwathima e Parazinho se transformou num sopro de esperança.

Renato Sanchez afirma que, finalmente, com recursos da transferência de royalties pelo uso da água na hidrelétrica Serra da Mesa e a compra de terras para recompor parte da reserva dos avá-canoeiro que foi alagada, a Funai pretende construir novas casas na aldeia. Até agora estes recursos foram administrados pelo órgão com o objetivo de garantir a proteção da reserva e o desenvolvimento da comunidade.

A Secretaria Estadual de Educação também marcou para este mês uma visita à comunidade para estudar a possibilidade de implantação de uma escola. Conforme o indigenista, três famílias dos tapirapé já manifestaram interesse de sair do Mato Grosso para viver na aldeia, que fica a 38 quilômetros de Minaçu. Com isso, aumenta consideravelmente a possibilidade de perpetuação dos avá-canoeiro.

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