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Governo repassa R$ 1,8 milhão para desenvolvimento econômico nas aldeias

A Gazeta-Rio Branco-AC
20 de Abr de 2006

A Semana do Índio foi aberta de maneira muito diferente no Acre. Ao invés de discursos, ações concretas pela dignidade das 17 etnias que habitam o Estado do Acre -um total de mais de 12 mil pessoas. Fora os eventos da tradição, o acontecimento mais importante foi o lançamento do Programa Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Sócio-Econômico e Ambiental das Comunidades Indígenas, feito pessoalmente pelo governador Jorge Viana em cerimônia que reuniu caciques, pajés e lideranças no hall superior do Palácio Rio Branco no começo da noite de terça-feira.

Com recursos próprios, o governo do Acre repassou R$ 1.098.000,00 para o programa, cujos objetivos são o fomento à produção agrícola, piscicultura, implementação de sistemas agroflorestais, criação de galinha capira em regime semi-intensivo, capacitação de agentes agroflorestais, estruturação das organizações que representam as tribos e vá-rias outras ações. Todas as comunidades do Acre foram contempladas.

Além desse recurso, o programa de apoio às comunidades que vivem às margens das BR-364 e BR-317 recebeu aporte de R$ 575 mil em verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e mais R$ 111 mil para o programa de valorização do artesanato, repassados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio a partir de emenda orçamentária proposta pelo deputado Henrique Afonso (PT).

A execução desses programas está a cargo das organizações comunitárias sob supervisão das secretarias Especial dos Povos Indígenas (Sepi) e de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema). O dinheiro deve ser aplicado entre abril e dezembro deste ano.

Secretário Pinhanta diz que recursos serão bem utilizados

Para o secretário Francisco Pinhanta, da Sepi, o dinheiro será bem utilizado porque "não foi surpresa" para os líderes: já se vinha realizando encontros e debates acerca das prioridades para o desenvolvimento das aldeias. "Este programa reforça a ajuda que o governo está dando. Ele foi bem discutivo e está bem planejado. Acreditamos que o resultado será muito bom para as comunidades", disse Pinhanta.

Antes da assinatura do convênio e do lançamento do programa, autoridades e ativistas do movimento indígena puderam ouvir a canção Risco da Jibóia apresentada pelo casal Augustinho Mateus Mazenilda Kaxinawá. "É uma cantiga de cura", explicou Augustinho, que mora no município de Jordão.

Muitas presenças - Além das lideranças das tribos, boa parte dos secretários de Estado e as autoridades como o presidente do Tribunal de Justiça, Samoel Evangelista; o procurador-chefe do Ministério Público, Edmar Monteiro; os deputados Edvaldo Magalhães, Roberto Filho e Moisés Diniz; e o presidente em exercício do Tribunal de Contas, José Eugênio de Leão Braga prestigiaram a solenidade.

Jorge Viana: "aqui no Acre nós temos o que comemorar no Dia do Índio"

Para efeito de comparação da política do Estado para os povos indígenas, o valor conveniado e os demais recursos significam uma soma vinte vezes superior ao orçamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o desenvolvimento sócio-econômico e ambiental das tribos acreanas.

A comparação foi feita pelo governador Jorge Viana no intuito de frisar que o Governo do Acre não trata os povos indígenas com discursos mas os tem incluído no processo de desenvolvimento e na experiência de sustentabilidade calcada na Florestania -e apresentou o cacique Humberto Nukini, que nunca havia visitado o Palácio Rio Branco, a sede oficial do Governo, como exemplo do processo de inclusão permitido pela atual política do Estado. Citou também o projeto bem-sucedido de psicultura implementado pelo mesmo grupo Nukini.

"Eu gosto de ir nas aldeias. Lá, a gente se sente em paz, se sente mais perto de Deus", disse Viana, que já realizou várias visitas oficiais às aldeias do Acre. "Aqui no nosso Estado nós temos o que comemorar, sim!", disse Viana.

Os índios do Acre, suas línguas e tradições

As tribos habitantes do Acre são principalmente dos troncos Pano e Aruaque, informa a pesquisadora Rosane Volpato, em seu site. Ao Pano pertencem os Kaxinawás, Yawanawás, Poyanawás, Jaminawás, Nukuinis, Araras e Kaxararis. Ao tronco Aruaque pertencem os Kulinas e os Kampas. Também são habitantes na área atual do Acre os Katukinas, os Machineris e alguns grupos isolados sem contato. Os índios vivem da caça, pesca, agricultura e do extrativismo. Os rituais de alguns povos indígenas na área do Acre são acompanhados com a ingestão da Ayahuasca, bebida sagrada para muitos grupos.

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