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Governo recebe esboço de plano para conter aquecimento global

OESP, Vida, p. A25
01 de Jul de 2007

Governo recebe esboço de plano para conter aquecimento global

Cristina Amorim

A primeira versão de um plano nacional de combate às mudanças climáticas (ou enfrentamento, como prefere chamar o governo) está nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, há duas semanas. A primeira medida sugerida é a criação de metas de redução do desmatamento da Amazônia. Essa é a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa no Brasil: cerca de 75%, ou 776 gigatoneladas de gás carbônico lançados na atmosfera por ano, segundo cálculos de 1994.

O documento, conseguido com exclusividade pelo Estado, traça outros caminhos de mitigação, como consolidar a política de biocombustíveis e controlar a emissão veicular. Foi elaborado pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas com a colaboração de outros cientistas da área e representantes da sociedade civil e do governo, ouvidos por três meses.

O plano foi pedido por Lula e Marina a Luiz Pinguelli Rosa, secretário-executivo do fórum e professor do programa de planejamento energético da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da UFRJ, em uma conversa após uma sessão do filme Uma Verdade Inconveniente, com o ex-vice-presidente americano Al Gore.

Ele será incorporado ao documento final, que a secretária de Mudanças Climáticas do MMA, Thelma Krug, espera entregar em até dois anos."Os eixos mais ou menos se mantêm. Queremos aprofundar a base científica para preencher as lacunas do conhecimento", afirma Thelma.

ESTRUTURA

O plano foi construído em três eixos. O primeiro trata de questões práticas para reduzir as emissões brasileiras e adaptar o País às mudanças irreversíveis. É nesse campo que está o estabelecimento de metas para controlar o corte e a queimada na Amazônia.

Esse é também o eixo mais fraco e reflete o pouco conhecimento científico existente sobre mitigação e vulnerabilidades regionais ao aquecimento. No quesito adaptação, os poucos tópicos pedem avaliações detalhadas dos possíveis impactos em vez de traçar ações.

Não há, por exemplo, estratégias para evitar efeitos adversos da subida do oceano em cidades como o Rio, nem como as hidrelétricas brasileiras podem sofrer com uma mudança no regime de chuvas, ou como a maior concentração de carbono na atmosfera afetaria a agricultura brasileira.

O segundo eixo é o mais detalhado dos três. Baseado numa proposta feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), define a criação de uma rede de pesquisa da ciência do clima, para cobrir justamente os buracos que o primeiro eixo apresenta. Aqui estão contemplados estudos sobre ciência atmosférica, ciclos do carbono e hidrológico e medições experimentais. É onde será construída a base de dados sobre as vulnerabilidades brasileiras ao aquecimento nos ecossistemas, sistemas sociais e econômicos, e quais ações humanas causam o efeito estufa.

O terceiro eixo é a formação de um instituto do clima que elabore estudos e instrumentos para que a questão seja incorporada nas tomadas de decisão. A instituição seria criada graças a uma parcela de royalties do petróleo desviada para esse fim.

OESP, 01/07/2007, Vida, p. A25

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