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Governo rebate Bird e defende transposicao

OESP, Nacional, p.A7
03 de Fev de 2005

Governo rebate Bird e defende transposição
Segundo Ministério da Integração, críticas se referem ao projeto do governo anterior
Ribamar Oliveira
O governo federal reagiu ontem à divulgação de um estudo do Banco Mundial, segundo o qual seria melhor adiar o projeto de transposição do rio São Francisco e aplicar os recursos em obras mais baratas para resolver o problema de falta de água no semi-árido nordestino. "Essa análise se refere ao projeto de transposição preparado pelo governo anterior", disse Pedro Brito, chefe de gabinete do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, e coordenador geral do projeto.
Ele também disse que o governo não pediu dinheiro ao Banco Mundial para o projeto, nem pretende pedir. "A análise é mais uma opinião, como outra qualquer", observou. "A integração das bacias é uma decisão do governo brasileiro."
A análise do banco foi divulgada ontem pelo Correio Braziliense. Apresentada ao vice-presidente José de Alencar em agosto de 2003, sugere que o dinheiro do projeto seja aplicado na construção de sistemas de abastecimento locais, com utilização da água já disponível, na construção de cisternas para captação de água das chuvas e na construção de mais adutoras, além da revitalização do rio. Só a médio e longo prazo se deveria pensar em grandes projetos.
O governo, que pretende investir cerca de R$ 4,5 bilhões na primeira fase da transposição, procurou desqualificar o estudo. Segundo Brito, ele se refere ao projeto apresentado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, que seria diferente. A assessoria do banco informou que realizou análises do projeto de transposição a pedido dos dois governos. Não quis revelar, porém, o conteúdo dos estudos, com o argumento de que são "confidenciais".
O chefe de gabinete de Ciro Gomes disse desconhecer que o governo Lula tenha solicitado a análise. Brito mostrou ao Estado cópia da apresentação feita pelo Banco Mundial, em agosto de 2003, ao vice-presidente José de Alencar, encarregado na época da coordenação do projeto.
Naquela análise, a vazão de água do São Francisco que seria transposta para a bacia do nordeste setentrional estava prevista em 65 metros cúbicos por segundo. "Essa é a vazão do projeto do governo anterior", disse Brito.
"O projeto do governo Lula prevê uma vazão contínua de apenas 26 metros cúbicos. Pelo nosso projeto, a vazão só chegará a uma média de 63 metros cúbicos por segundo quando a barragem de Sobradinho estiver vertendo."
Ele disse também que o governo já está implementando as medidas de curto prazo sugeridas pelo BIRD. "O governo tem um grande programa de construção de cisternas, está apoiando a construção de adutoras e investindo fortemente na revitalização do rio São Francisco", afirmou. "Essas iniciativas não são incompatíveis com a integração das bacias",
Brito questionou a isenção do funcionário do BIRD que elaborou a análise. "O nome dele é Gabriel Azevedo e ele é baiano", afirmou, numa alusão ao fato de o governo da Bahia ser contrário ao projeto.
OESP, 03/02/2005, p. A7

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