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Governo quer fim de conflito entre índios e fazendeiros em Primavera

Midianews-Cuiabá-MT
20 de Ago de 2003

O Governo do Estado está disposto a formar uma parceria para garantir a melhoria de vida dos índios xavante da Reserva Sangradouro, para acabar com o conflito entre a nação indígena e os produtores rurais do Município de Primavera do Leste (a 231 km.de Cuiabá).

A decisão foi anunciada pelo próprio governador Blairo Maggi, no final da manhã desta quarta-feira (20), depois de mais de duas horas de reunião com várias autoridades, entre elas, o chefe de Gabinete do ministro da Justiça, Sérgio Sérvulo da Cunha, o presidente interino da Funai, Antonio Pereira Neto, o coordenador regional em área Xavante, de Goiânia (GO), Edson Silva Beiriz, os deputados estaduais Ságuas Moraes (PT) e José Riva (PTB), delegado Orlando Teixeira, superintendente regional da Polícia Federal de Mato Grosso, Sérgio Machninck, presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, Érico Piana, prefeito de Primavera, e os secretários Célio Wilson (Justiça e Segurança Pública) e Homero Pereira (Desenvolvimento Rural), além do chefe da Casa Militar, coronel Walter Pereira.

Primavera do Leste vive uma situação de instabilidade desde o desaparecimento do índio João Xavante, 72 anos, no dia 2 de abril. Suspeita-se, tenha sido assassinado, porém, até agora o corpo não foi encontrado. Depois disso, os índios invadiram e saquearam fazendas e levaram máquinas e equipamentos dos produtores rurais do Município. Outra exigência dos índios é a redemarcação da Reserva Sangradouro, que eles ocupam na região.

O governador Blairo Maggi criticou a disposição da Funai em ampliar a área da Reserva Sangradouro, lembrando que hoje 17% do território mato-grossense são ocupados por nações indígenas. E, com os vários projetos que tramitam no órgão, esse percentual pode chegar a 24%, o que ele considera inadmissível.

"Não sou contra os índios. Muito pelo contrário, tenho o maior respeito por eles. Mas, o Governo não vai admitir isso. O que está acontecendo é a formação de ilhas de miséria num mar de riqueza, e isso não pode continuar acontecendo", ponderou Maggi.

O coordenador regional para Áreas Xavante, de Goiás, Edson Silva Beiriz, que tem mantido contatos diários com os índios de Sangradouro, disse que a nação não está preocupada com ampliação da reserva, mas sim com a melhoria das condições de vida dos cerca de 800 índios da Reserva, e sugeriu que fosse apresentado um projeto para os caciques para, numa parceria entre os Governos Federal, Estadual e Municipal, buscar uma solução para os problemas e acabar com o conflito. A idéia foi imediatamente encampada pelo governador Blairo Maggi.

"O Governo está disposto a conversar com eles [índios] na hora que eles quiserem. Nós ainda nos propomos a construir escola e posto de saúde na Reserva, ceder veículos novos e máquinas e equipamentos para que eles possam produzir para sua subsistência", afirmou o governador.

Em seguida, ficou definido que as autoridades da Funai e do Ministério da Justiça vão se reunir com os caciques nesta quinta-feira (21), para fazer a proposta e exigir que as máquinas sejam devolvidas aos produtores, a fim de que as negociações em torno desse projeto sejam iniciadas.

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