Diário de Cuiaba
Autor: NATACHA WOGEL
06 de Jun de 2006
A comissão de índios do Xingu que está em Brasília desde domingo conseguiu agendar reuniões com autoridades do governo federal para negociar a interrupção da obra da usina hidrelétrica Paranatinga II, em Campinápolis (a 565 quilômtreos de Cuiabá).
Amanhã de manhã, o encontro é com o presidente substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai), Roberto Lustosa. À tarde, as lideranças irão ao Ministério da Justiça e na sexta-feira, as reuniões serão nos Ministérios de Minas e Energia e Meio Ambiente, segundo um dos representantes das nações xinguanas, Kumaré Tixão, que organizou a ida de 150 índios até Brasília, depois de partirem pela manhã do município de Canarana.
"Cento e cinqüenta índios vão sair amanhã (hoje) cedo daqui, às 6 horas, em ônibus fornecido pela Funai, para ir a Brasília. Queremos reforçar o movimento lá com os guerreiros do Xingu. Caso nenhuma das reuniões que vão acontecer der resultado, um número muito maior de índios irá ocupar novamente a área da usina, já que agora temos meio de transporte para trazer mais pessoas", disse.
As nações indígenas xinguanas protestam, desde o início da semana passada, pedindo a paralisação da construção e a derrubada da obra da usina Paranatinga II, por acreditar que o empreendimento foi erguido em uma área considerada sagrada, às margens do rio Culuene, principal abastecedor do Parque do Xingu. Os índios ocuparam na quarta-feira a construção, fazendo funcionários reféns, para chamar a atenção da imprensa e das autoridades federais sobre sua reivindicação. Eles permaneceram sobre a construção até sábado e desocuparam a área depois que a procuradora federal Ana Maria Carvalho mediou o contato com a Funai em Brasília.
"Nosso movimento foi muito importante para chamar a atenção da imprensa e das autoridades, porque no início, nem a Funai nos dava ouvidos. Hoje, a gente está na mídia e já conseguimos marcar as reuniões que precisávamos", comentou Tixão.
A continuidade da construção da usina está impedida por decisão judicial até que o Tribunal Regional Federal aprecie, em Brasília, o recurso apresentado pela empresa Paranatinga Engenharia contra a decisão do juiz federal de Mato Grosso, Julier Sebastião da Silva, de tornar nulo o licenciamento ambiental estadual para obra, bem como a determinação de sua derrubada.
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