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Governo deve elevar tarifa de Angra 3

O Globo, Economia, p. 19
12 de Jun de 2018

BRASÍLIA - O Ministério de Minas e Energia se prepara para aumentar a tarifa que vai remunerar a usina nuclear de Angra 3 pela energia elétrica que será gerada, e retomar as obras do empreendimento. A Eletrobras defende, reservadamente, que a tarifa, que hoje está em US$ 75 por megawatt/hora, atinja até US$ 150 - padrão para empreendimentos mundiais desse porte.

As medidas para viabilizar a construção da obra, sob responsabilidade da Eletronuclear (subsidiária da Eletrobras), incluem ainda a repactuação das dívidas da empresa e a entrada de um sócio privado na usina. O governo criou, na semana passada, um grupo de trabalho para estudar a modelagem com prazo de 60 dias. Esse grupo é formado por integrantes de Minas e Energia, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Eletrobras e Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Busca por parceiro

O governo tenta encontrar uma solução para a retomada da construção de Angra 3, parada desde 2015 em meio à deterioração das contas públicas e do andamento da Operação Lava-Jato, que atingiu as empreiteiras responsáveis pelas obras. Encontrar uma solução rápida que permita a retomada das obras da usina nuclear é fundamental para evitar uma crise da Eletronuclear, segundo integrantes do governo - o que poderia afetar até mesmo a operação de Angra 1 e 2.

A empresa já gastou R$ 7 bilhões na usina e acumula uma dívida de R$ 7,6 bilhões. Sem dinheiro, caberá à Eletrobras bancar a subsidiária. Os principais credores da Eletronuclear são a Caixa e o BNDES, que já avisou que só voltará a negociar com a estatal quando houver uma definição sobre o futuro da usina nuclear de Angra 3.

A parada na construção fez a Eletronuclear atingir um patrimônio líquido negativo de mais de R$ 4,3 bilhões. Sem dinheiro em caixa e no Orçamento do governo, a empresa iniciou uma busca por parceiros internacionais para retomar as obras. Essa nova companhia deve injetar uma cifra bilionária no empreendimento - o valor final ainda não foi definido -, mas não pode se tornar controladora da usina, porque a Constituição não permite.

A Eletrobras já firmou um memorando de entendimento com o grupo francês EDF para promover cooperação na área nuclear. De acordo com o texto, três empresas estudarão oportunidades de a EDF colaborar na retomada e conclusão de Angra 3 e no desenvolvimento de novas usinas no Brasil.

Executivos da Eletrobras alegam que a tarifa em vigor hoje inviabiliza a geração de caixa da empresa e impede a atração de parceiros internacionais. Por isso, o reajuste da tarifa é defendido pela estatal. Segundo a Eletronuclear, o progresso físico global das obras de Angra 3, no momento, é de 62%, e são necessários mais R$ 14 bilhões para concluir a construção.

https://oglobo.globo.com/economia/governo-deve-elevar-tarifa-de-angra-3…
O Globo, 12/06, Economia, p. 19

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