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Governo descarta risco de apagão

OESP, Economia, p. B7
25 de Out de 2006

Governo descarta risco de apagão
Ministério diz que, para chegar a 50% de déficit, manancial hidrelétrico precisaria enfrentar uma seca jamais vista

Leonardo Goy

O Ministério de Minas e Energia divulgou ontem nota oficial na qual descarta a possibilidade de o risco de apagão no Sudeste chegar a 25% em 2007 e a 50% em 2008, conforme apontou ontem o Estado, com base em simulações feitas pelo mercado, a partir das novas regras que serão definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para calcular qual é o real risco de falta de energia no País. A Aneel deverá tirar dessa conta as termoelétricas que não estão conseguindo gerar energia por falta de gás natural.

Para existir esse nível de risco, 'o manancial hidrelétrico precisaria experimentar um regime de ausência de chuvas jamais verificado', diz a nota do ministério, divulgada no início da noite. O ministério afirma que a dificuldade no suprimento de gás a algumas termoelétricas, ocorrida em setembro, que comprometeu a geração de energia por essas usinas, 'refere-se a uma situação conjuntural e ações já foram tomadas para garantir sua normalização'.

'Apesar de o fornecimento de gás da Bolívia para o Brasil ainda não estar totalmente normalizado, a Petrobrás vem tomando todas as medidas necessárias para contornar as restrições decorrentes dos danos nos gasodutos causados pelas chuvas', diz a nota, acrescentando que esses problemas devem ser solucionados no próximo mês.

O ministério também minimizou a quantidade de energia que deixou de ser gerada pela falta de gás nessas termoelétricas. Segundo o comunicado, as dificuldades referem-se a 3,9 mil megawatts (MW), num parque gerador de 100 mil MW instalados e 53 mil MW médios de energia assegurada.

TURBULÊNCIA À VISTA

Coordenador do programa energético da campanha petista, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, também descartou a possibilidade de falta de energia nos próximos anos. Apesar de reconhecer que 2007 e 2008 serão 'anos de turbulência' por causa da escassez de gás natural para geração térmica, Tolmasquim disse que há usinas a óleo que podem ser colocadas em operação se necessário, mesmo que isso signifique aumento nas tarifas de eletricidade.

'Não existe risco de faltar energia. O que está em discussão são as tarifas', afirmou Tolmasquim, referindo-se à proposta da Aneel de reduzir a energia assegurada por térmicas que não têm gás para operar. A proposta será discutida na próxima sexta-feira e, segundo o mercado, aumenta o risco de déficit no fornecimento de energia já que, com menos térmicas disponíveis, o Brasil precisa poupar mais água nos reservatórios das hidrelétricas.

Tolmasquim afirmou que o País vai enfrentar essa turbulência com tranqüilidade, já que as chuvas acima da média este ano vão garantir acumulação de água suficiente para gerar energia hidráulica, sem precisar de muitas térmicas nos próximos dois anos. 'A situação é totalmente gerenciável porque dá para passar por 2007 e 2008 sem problema.'

'Em último caso, podemos acionar as térmicas mais caras, a óleo, que estão desligadas', completou. Nesse caso, haverá impacto nas tarifas de energia, admitiu.

Em setembro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) foi obrigado a ligar térmicas a óleo por falta de gás para usinas mais baratas. Na ocasião, cinco térmicas a gás que deveriam entrar em operação por mérito de custo foram declaradas indisponíveis pelos seus proprietários.

Tolmasquim frisou que o problema foi pontual. Mas admitiu que o balanço entre oferta e demanda do combustível está apertado.

OESP, 25/10/2006, Economia, p. B7

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