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Governo de SP segura água de hidrelétrica e afeta Rio

O Globo, Economia, p. 32
09 de Ago de 2014

Governo de SP segura água de hidrelétrica e afeta Rio
Aneel notifica Cesp por descumprir orientação em reserva do Jaguari

DANILO FARIELLO
danilo.fariello@oglobo.com.br

Em meio à seca que afeta o estado, o governo paulista determinou à Companhia Energética de São Paulo (Cesp) que segure a vazão na hidrelétrica do Rio Jaguari para privilegiar o abastecimento de água para consumo humano. A decisão levou a Cesp a descumprir determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que recomendara a elevação da vazão da usina. O Jaguari faz parte da bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece boa parte do Estado do Rio e as hidrelétricas do Complexo de Lajes, da Light, sistema que pode ser afetado pela decisão do governo paulista. O fato é inédito e levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a notificar e pedir explicações à Cesp, conforme informou ontem o site do GLOBO.
A ANA vem acompanhando o problema de perto. Por conta da seca no Paraíba do Sul, no mês passado, a agência determinou a redução da vazão mínima na barragem de Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ), de 190m3/s para 165m3/s. O governo federal teme que a atitude da Cesp abra um precedente para que outros gestores de Hidrelétricas passem a descumprir as determinações do ONS, o que colocaria em risco a gestão do sistema interligado, que já vem sofrendo com a falta de chuvas. Segundo uma fonte do governo, a Cesp será "duramente fiscalizada" por sua atitude no Jaguari. - O concessionário de serviço público não pode fazer escolhas e vai ter de arcar com as consequências disso - disse a fonte. Por conta desse debate sobre qual o uso prioritário da água no país, diversos ministério do governo federal vem discutindo, no âmbito do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), como determinar novas prioridades ao uso múltiplo da água. Por recomendação do governo, o ONS já vem adotando este ano um esquema especial de flexibilização dos reservatórios, para atender às necessidades do sistema interligado. Por esse motivo, o comitê também debateu em julho, por exemplo, "ações adicionais para que possam ser flexibilizadas as vazões mínimas constantes do contrato de concessão para redução adicional das defluências mínimas da usina hidrelétrica de Porto Primavera", no Rio Paraná, também administrada pela Cesp.

MENOS CONSUMO
PREÇO DE ENERGIA CAI R$ 160

-BRASÍLIA- A Aneel autorizou a revisão para baixo da projeção de demanda de energia para o país, refletindo a perspectiva de menor crescimento da economia. A decisão foi baseada nas estimativas conjuntas do ONS e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que cortou de 4,4% para 3,5% a previsão para o crescimento da economia entre 2014 e 2018. Eles estimam que o consumo de energia será reduzido entre 1% e 2% no período, e o custo deverá cair no mercado de curto prazo. De acordo com os cálculos da Aneel, o custo da energia no mercado de curto prazo, o Preço da Liquidação das Diferenças (PLD), deve cair em R$ 160 por megawatt/hora (MW/h). Com o corte, a partir da próxima semana, o PLD deve ficar em cerca de R$ 640. Na semana do dia 2 até ontem, o preço do MW/h fixado pela Câmara de Comercialização de Energia (CCEE) está em R$ 809,43. No ano que vem ,o governo conta com o vencimento das concessões de oito usinas, nos estados de São paulo, Minas Gerais e Paraná, para uma redução no custo da energia. O Ministério de Minas e Energia prevê que o custo da energia vendida por essas Hidrelétricas deverá apresentar uma queda da ordem de R$ 13,5 bilhões no período de três anos, até 2017. Esse valor total deverá ter um impacto de redução das tarifas médias das distribuidoras de energia elétrica de 3,3% em 2015, 4,9% no ano seguinte e de 5,3% em 2017. A previsão é contestada por técnicos do próprio governo, uma vez que leva em conta premissas muito otimistas. (Mônica Tavares e Danilo Fariello)

O Globo, 09/08/2014, Economia, p. 32

http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/cesp-descumpre-orde…

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