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Governo de Minas já cogita racionamento

OESP, Metrópole, p. A13
29 de Jan de 2015

Governo de Minas já cogita racionamento
Após reunião com a presidente Dilma, Fernando Pimental disse que, se não chover, em três meses terá de adotar medida drástica e defendeu multa

Rafael Moraes Moura e Tânia Monteiro

Após reunião no Palácio do Planalto em que ouviu da presidente Dilma Rousseff a garantia de ajuda contra a crise hídrica, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), disse nesta quarta-feira que poderá adotar medidas mais drásticas, como rodízio de água e até racionamento, caso não consiga reduzir em 30% o consumo de água. Segundo Pimentel, a adoção de uma sobretaxa para consumidores que ultrapassarem a média de consumo do ano passado é uma "medida absolutamente necessária".
O petista também acusou a gestão de seu antecessor, Alberto Pinto Coelho (PP), de ignorar no ano passado dois alertas da Agência Nacional de Águas (ANA) para a gravidade da situação. Coelho assumiu o governo com a saída de Antonio Anastasia (PSDB).
"Se não chover, se o consumo não cair, se a vazão não aumentar, e se não houver mais captação, em três meses vamos ter de racionar severamente", disse o governador, classificando o quadro atual como grave. Depois da reunião com Pimentel, Dilma discutiu o tema com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Na sexta-feira, haverá uma audiência com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para falar do assunto.
"Já estamos implementando uma redução no consumo, começou uma campanha de conscientização, mas também com a adoção de uma sobretaxa para os consumidores que ultrapassarem a média do ano passado, uma medida absolutamente necessária", disse Pimentel. Segundo o petista, a situação já é crítica na região metropolitana de Belo Horizonte e no norte do Estado, onde há "municípios em situação quase de colapso de abastecimento de água".

Alertas. Para Pimentel, a situação grave já estava desenhada desde o ano passado - os reservatórios que compõem o sistema de abastecimento da região metropolitana de Belo Horizonte tinham 70% da sua capacidade tomada em janeiro de 2014, número que caiu para 30% em janeiro deste ano, segundo o governador. "Essa situação, portanto, já podia ter sido detectada em meados do ano passado."
Na avaliação de Pimentel, a população mineira não foi avisada "da gravidade da situação" e as medidas de economia "poderiam ter sido adotadas há seis meses". "Vão ter de ser adotadas agora, com atraso e mais intensidade", criticou. Pimentel disse que o governo pretende aumentar a capacidade da captação na bacia do Rio Paraopeba para o reservatório Rio Manso. Segundo ele, o valor da obra seria inferior a R$ 1 bilhão.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, garantiu que o Palácio do Planalto vai dar o apoio necessário ao governo de Minas. "O governo federal vai apoiar a realização dessa obra", assegurou Barbosa.
Ex-presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Ricardo Simões rebateu as acusações de falta de ação na gestão anterior. Ele afirmou que a questão foi agravada pela escassez de chuva, principalmente a partir da segunda quinzena de dezembro de 2014. Segundo ele, a empresa adotou medidas contra a seca após a estiagem no período chuvoso de 2013-2014./ Colaborou Marcelo Portela

Rio descarta rodízio e sobretaxa

Brasília

Após reunião com a presidente Dilma Rousseff para tratar da crise hídrica, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse nesta quarta-feira que não pensa em rodízio, racionamento de água nem em sobretaxa pelos próximos meses. Segundo o governador, a prioridade é garantir o abastecimento humano, mas, se alguém tiver de ser penalizado, as empresas é que vão pagar primeiro a conta.
"Não queremos prejuízo de ninguém. Agora, se for alguém penalizado, vão ser as empresas primeiro, não o abastecimento humano, que dá para gente garantir por um bom tempo ainda", disse o governador, que se reuniu com Dilma e os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente).
"Neste momento, a gente não quer tomar nenhuma dessas medidas, porque ainda não é necessário, mas nada está afastado se essa seca se prolongar. Se em fevereiro, março, abril não chover o suficiente, vamos tomar outras medidas", alertou o governador.
"Se não chover o esperado, é um quadro grave para este ano." Durante o encontro, os ministros apresentaram a Pezão informações de que o período de seca deve se prolongar pelas próximas semanas. Segundo Pezão, o governo do Rio está em contato permanente com a Agência Nacional de Águas (ANA) e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para acompanhar os desdobramentos da situação.
"Vamos fazer grande campanha institucional para as pessoas pouparem água, para não esbanjarem (o uso), vamos intensificar essa campanha. Tem diversas medidas que a gente vem estudando", comentou o governador, ressaltando que não discutiu com a presidente Dilma a possibilidade de um racionamento.
Questionado se a situação do Rio seria melhor do que a de Minas e São Paulo no enfrentamento da crise, Pezão respondeu: "Um pouco melhor. Com essa seca aí não tem ninguém melhor, tá uma seca geral. Se São Paulo atravessa (crise hídrica), a gente atravessa." Pezão evitou entrar em polêmica com o governo de São Paulo, após as desavenças em torno da transposição das águas da Bacia do Paraíba do Sul. O governador do Rio assegurou que não pensa em sobretaxa "agora, no mês de janeiro, fevereiro". "A gente vai intensificar o ritmo das obras, e torcer muito para que comece a chover e que a gente não precise tomar outras medidas mais drásticas", afirmou.

OESP, 29/01/2015, Metrópole, p. A13

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