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Governo dá R$ 120 milhões para o Fórum Social

O Globo, O País, p. 11
11 de Jan de 2009

Governo dá R$ 120 milhões para o Fórum Social
Após três anos afastado, Planalto investe pesado no evento, ao qual Lula deve comparecer com Dilma
Encontro em Belám: Crise econômica mundial deve ser o tema dominante, mas Amazônia também será discutida

Soraya Aggege

São Paulo. Distanciado do Fórum Social Mundial (FSM) há três anos, o governo federal investiu pelo menos R$ 120 milhões na infraesturtura para a cidade de Belém (PA) sediar a nona edição do evento, que começa no próximo dia 27. Outros R$ 6,2 milhões - já liberados por emendas da bancada paraense na Câmara - serão destinados à estruturação do encontro. O governo e o PT vão ocupar boa parte do espaço do FSM 2009 e dos debates paralelos.
O presidente Lula estará acompanhado da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), sua candidata à sucessão em 2010.
O PT mobilizou mais de dez mil militantes, além de centenas de personalidades petistas. Em 2002, Lula lançou sua candidatura no Fórum Social. Mas em sua última aparição no FSM, em 2005, chegou a ser vaiado, enquanto o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, era ovacionado em Porto Alegre.
Lula não irá este ano a Davos, por achar que as teses do Fórum Econômico Mundial foram responsáveis pelo abalo global.
Ao público do FSM, ele atacará a especulação internacional e defenderá uma nova ordem econômica e política mundial.
Organizadores temem uso político do evento
O FSM, considerado o principal contraponto ao Fórum Econômico, reunirá cerca de 120 mil ativistas sociais de 130 países em sua nona edição. Parte dos articuladores do FSM teme o uso político. Considerado o criador do FSM, Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos e ex-assessor especial de Lula, avalia que o risco de o Fórum servir de palanque político existe:
- O ruim é que essas manifestações políticas geram factóides políticos e ocupam mais a mídia que o Fórum em si, com todo o seu conteúdo. Se realmente houver algum uso por Lula ou pelo PT, que seja pelo menos para a criação de nova plataforma política realmente válida para o país - disse Grajew.
O foco principal do FSM será a crise global - econômica, climática e até a de governança. A Amazônia também será discutida. Maria Luísa Mendonça, outra articuladora do FSM, avalia que as consequências podem ser mais negativas que os factóides:
- Pode ocorrer uma espécie de blindagem das críticas em relação ao modelo predatório que este governo tem adotado para a Amazônia, baseado em grandes projetos hidroelétricos, agrícolas e de mineração. Esse modelo é o mesmo adotado pelo regime militar e permanece na administração petista.
Fundador do FSM, o sociólogo Cândido Grzybowski pondera:
- Não acredito que haverá interferência do PT ou dos governos por causa dos investimentos. Agora, qualquer político quer um público de 120 mil pessoas do mundo todo. Risco de uso político sempre existe, mas o público do FSM é muito crítico - afirma Grzybowski.

O Globo, 11/01/2009, O País, p. 11

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