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Governador do RR cobra "soluções" para caso de terra indígena

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: José Eduardo Rondon
07 de Jan de 2004

O governador de Roraima, Flamarion Portela, 48, investigado por uma
força-tarefa que apura desvio de dinheiro da folha de pagamentos do Estado,
cobrou do governo federal "soluções" para o caso da terra indígena
Raposa/Serra do Sol.

Flamarion disse à Agência Folha que "o governo federal terá de apresentar
soluções para os problemas que ocorrerão" caso a terra indígena seja
homologada como área contínua, como prevê o Ministério da Justiça.
A demarcação da área é "contínua" porque inclui cidades e fazendas que estão
em seus limites.

Segundo ele, o remanejamento das pessoas que terão de deixar a área e a
forma que será adotada para escoar a safra de grãos local são os principais
problemas que o governo federal terá de enfrentar caso a demarcação contínua
seja homologada. O governo de Roraima defende que seja feita uma demarcação
não-contínua na área, deixando de fora cidades, estradas e algumas
propriedades.

PT

Flamarion era vice de Neudo Campos (PP) e assumiu o governo em seu lugar em
abril de 2002. Em outubro daquele ano, se reelegeu governador pelo PSL, com
a bandeira da demarcação não-contínua.

Em 18 de março do ano passado, Flamarion se filiou ao PT. No mesmo dia, o
presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), dom Gianfranco
Masserdotti, disse à Folha que a filiação levantou "suspeitas" sobre uma
possível "moeda de troca" entre o governo federal e o do Estado na questão
da homologação da terra indígena. De acordo com o Cimi, o PT teria garantido
a Flamarion que, antes de ser assinada, a homologação seria "discutida" com
o governo roraimense. Na época, Flamarion negou qualquer tipo de troca de
favores entre ele e o governo federal na questão.

Em novembro passado, o "escândalo dos gafanhotos" (que havia sido noticiado
pela primeira vez em 2002) voltou à tona, com a prisão por alguns dias do
ex-governador Neudo Campos. A PF e o Ministério Público investigam se
Flamarion foi conivente e sustentou o desvio em sua administração.

Pressionado pela direção do partido, em 12 de dezembro, Flamarion pediu
afastamento do PT por 90 dias.

Dez dias depois de seu afastamento, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, disse que a homologação como área contínua da reserva indígena
Raposa/ Serra Sol ocorrerá neste mês.

Flamarion afirmou que a intenção do governo estadual, até o momento, é de
apenas "acompanhar" as manifestações.

Segundo o governador, nos próximos dias deve ir até Boa Vista, novamente,
uma comissão interministerial para discutir pontos da homologação com
lideranças indígenas e rurais do Estado.

Questionado pela reportagem se há um descaso do governo em relação aos
protestos no Estado --já que Flamarion é a favor das reivindicações dos
manifestantes--, o governador disse haver não um descaso, mas sim "um
acompanhamento detalhado da situação pelo governo".

"Mandamos para a região em que os padres estão sendo mantidos reféns,
soldados da tropa de elite da Polícia Militar. Adotamos, até o momento, o
caminho da negociação,devido à complexidade do problema."

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