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Governador diz que índios criaram organização social do Acre

Página 20 -Rio Branco-AC
11 de Nov de 2002

De nada adiantaria se a sustentabilidade fosse um conceito teórico, sem aplicação prática. A razão simples é que, contra os efeitos nocivos de globalização econômica, já foram testados diversos sistemas políticos e sociais, como o socialismo, o fascismo e a moderna política de mercado (que tende ao neoliberalismo). Todos, sem sucesso ou de curta duração.

O diferencial da idéia de sustentabilidade proposta no Acre, de acordo com o governador Jorge Viana (PT), é que ele nasceu de uma política interna, praticada pelos índios na luta contra a expansão dos latifúndios improdutivos há cerca de 20 anos:

"O Acre começou a ter o seu povo organizado por meio da luta dos índios pela demarcação de terras. Depois os trabalhadores rurais e os seringueiros, ajudados inclusive pelas igrejas e com a liderança de Chico Mendes. E junto a essa história toda, surgiu algo muito bonito que é a Comissão Pró-Índio do Acre, que, mais do que um movimento de defesa dos povos da floresta, se transformou num movimento que faz", explica Viana.

Um dos cardeais dos novos rumos da política acreana, que leva ao poder oficial as idéias apenas minorias massacradas pelo próprio poder público no passado, Jorge Viana criou símbolos que estimulam a cidadania e a identificação social do povo acreano. A construção dessa identidade social coletiva tem dividendos econômicos, cívicos, ideológicos, que na prática possibilitam a volta do homem do campo ao meio rural e melhoram o desempenho do mercado agrícola acreano.

O processo complexo vem detonando os índices de analfabetismo, desemprego, indigência e violência no Acre. De acordo com o IBGE, 79% da população acreana é alfabetizada, hoje. O governador comemora. E atribui o sucesso ao próprio povo, que sugeriu os rumos da sua política, aprovando e seguindo a prática. A continuidade do processo, a partir de 2003, é vital para o estabelecimento de uma nova "rota social" e o reajuste positivo da qualidade de vida no Estado.

"Eu hoje me inspiro muito, nosso governo se inspira muito no trabalho desenvolvimento por entidades como a CPI, CTA e outras entidades não-governamentais que defendem os direitos dos povos da floresta", admite o governador.

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