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Goiás busca sócios privados

CB, Economia, p. 10
13 de Out de 2004

Goiás busca sócios privados
Objetivo da parceria é investir R$ 250 milhões na construção de plataforma para integrar transportes ferroviário, rodoviário, aéreo e fluvial em Anápolis. Projeto vai aumentar competitividade das indústrias

Theo Saad
Da equipe do Correio

O governo de Goiás busca parceiros para um investimento de R$ 250 milhões em uma plataforma logística em Anápolis (a 130 quilômetros de Brasília), que integrará os modais de transporte ferroviário, rodoviário, aéreo e fluvial, além de um porto seco. A intenção é facilitar e, mais importante, baratear a chegada de matéria-prima para as indústrias do Centro-Oeste e também o escoamento da produção local, que poderá ganhar maior competitividade na hora de ser exportada. Hoje, os maiores custos de exportação são os com transporte e logística: o país gasta cerca de 16% do Produto Interno Bruto (PIB) com o setor, contra uma média de 8% dos países desenvolvidos.
Grandes empresas foram contatadas pelo governo de Goiás e demonstraram interesse pela plataforma. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a maior mineradora do mundo, informou que, apesar de não ter se comprometido, estuda investir no local. A empresa já opera na região, por meio da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), sua controlada, que liga Anápolis (marco-zero da estrada de ferro) aos portos de Vitória. Os serviços de logística têm sido cada vez mais importantes no balanço da CVRD. Hoje, são a fonte de quase 11% da receita, tendo faturado US$ 220 milhões no segundo trimestre deste ano (60% a mais do que em igual período de 2003), o que melhora a atratividade do investimento.
Pelo tamanho, a Vale entusiasma o secretário de Planejamento e Desenvolvimento de Goiás, José Carlos Siqueira. Mas, segundo ele, a empresa não é a única interessada em colocar dinheiro no projeto. Outras companhias, como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Petrobras e Tam informaram ao governo do estado que estudarão a possibilidade de investir na Plataforma Logística de Anápolis. Empresas menores, especialistas em logística, como a Mira Transportes, de São Paulo, e a Bertolini Transportes, da Serra Gaúcha, confirmaram o interesse.
Investimento
O governo de Goiás investirá 10% do total requerido para a plataforma. Foi criada uma empresa para gerir o negócio e 10% das ações ficarão em poder do estado. Todo o restante deverá ser investido pelas empresas participantes, que terão um incentivo fiscal. O estado vai abrir mão de R$ 250 milhões em Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que serão compensados em até dez anos, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
''Acreditamos que há muito interesse das empresas do setor em ter uma operação bem no coração do Brasil, com facilidade de integração modal e de deslocamento fácil para o resto do país'', afirmou Siqueira. Ele tem visitado outros estados e também países da América do Sul em busca de investidores para a plataforma, que já começou a ser construída. Segundo o secretário, a parte de infra-estrutura do local (ruas, tubulações de água e esgoto, postes de energia) foi iniciada em 29 de julho.
Na opinião do secretário, será um projeto de rápida execução, com término previsto para o final de 2005. Hoje, já existe lá um porto seco, para efetuar o desembaraço aduaneiro dos produtos importados e para exportação, e um aeroporto de cargas, além da FCA e da Belém-Brasília (o marco-zero também fica em Anápolis). O aeroporto hoje só pode receber aviões de pequeno e médio portes, porque a pista tem apenas 1,8 quilômetro de extensão. Do projeto consta a ampliação para 2,8 quilômetros, que depende de aprovação da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) e possibilitará pousos e decolagens de grandes cargueiros. Há ainda uma saída rodoviária para o canal de São Simão (que leva à hidrovia Tietê-Paraná), a 350 quilômetros dali.
Siqueira acredita ainda em dois investimentos prometidos pelo governo federal: a construção da Ferrovia Norte-Sul, que teria marco-zero em Anápolis, e a duplicação da rodovia que liga Goiânia (a 50 quilômetros dali) a Brasília. ''Com tudo isso, o local ficará completo'', previu.
Sonho dourado
Apesar das promessas e dos planos, ainda faltará um bocado para a plataforma transformar-se no sonho dos empresários locais. A saída para o principal porto do país, o de Santos, por exemplo, só pode ser feita por caminhão, o mais caro modal. Ela só poderá ser feita por trem se a FCA entrar em acordo com a Brasil Ferrovias para compartilhamento de trilhos.
Siqueira lembrou que Anápolis já é um pólo de desenvolvimento industrial e tende a crescer mais ainda com a implementação da Plataforma Logística. ''Ao lado da plataforma fica o Distrito Industrial da cidade, que já tem 84 indústrias em operação e 30 projetos em andamento, dos quais 23 estão em obras'', contou.
A expectativa é de que quando os quase sete milhões de metros quadrados da plataforma estiverem com a infra-estrutura pronta e as empresas instaladas, passem por ali 180 caminhões/dia. ''Além dos fluxos ferroviário e rodoviário, que são difíceis de calcular porque não sabemos quantas empresas operarão no local'', ressalvou o secretário.

O numero
Aporte público
R$ 25 milhões será a participação do governo de Goiás no empreendimento

CB, 13/10/2004, Economia, p. 10

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