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Gino repudia falta de água na Bororó

O Progresso - www.progresso.com.br
Autor: Marcos santos
27 de Nov de 2008

Presidente do Sindicato Rural defende que Ministério Público Federal investigue a atuação da Funasa

DOURADOS - O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira, repudiou ontem o que ele classificou como omissão da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) em relação à falta de água potável na Aldeia Bororó. Ele classificou como muito grave a denúncia feita por O PROGRESSO, mostrando que os índios estão usando água suja para beber e cozinhar porque a rede de distribuição instalada pela Funasa não está funcionando. "Como é possível uma autarquia com um orçamento bilionário permitir que famílias inteiras fiquem sem água potável por semanas?", questiona Gino. "O mais grave é que se o jornal não revela o descaso, a situação iria persistir por mais um longo período, até que crianças começassem a morrer em virtude de doenças causadas pelo consumo de água poluída", conclui o líder ruralista.

Revoltado com o problema, o presidente do Sindicato Rural de Dourados, que também é vereador eleito, cobrou do Ministério Público Federal (MPF) uma imediata investigação do problema e responsabilização dos responsáveis pela falta de água nas aldeias de Dourados. "Tenho informação que o problema não é exclusivo da Bororó e que famílias da Aldeia Jaguapirú também estão sofrendo com a falta de água", alerta Gino. Para o vereador eleito, se ao invés de se preocupar em firmar Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para demarcar terra escriturada o Ministério Público se preocupasse em garantir dignidade para os índios que estão aldeados, a situação não estaria tão crítica.

Outro alvo das críticas do líder ruralista é a Fundação Nacional do Índio (Funai). "Na reportagem, as famílias revelam que procuraram o núcleo da Funai em Dourados para reclamar da falta d água e não foram atendidas", lembra. "Será que esta autarquia entende que a tutela dos povos indígenas deve ser usada apenas para justificar a questão agrária?", questiona. "As crianças estão passando sede, os jovens estão sofrendo com as drogas e os adultos estão sendo dominados pelo alcoolismo nas aldeias de todo Estado e não vejo uma única ação da Funai para acabar com este problema", enfatiza.

As índias Rosangela da Silva Sanches e Sônia Carmona, que residem próximo ao posto da Funai na Reserva Indígena, na Jaguapirú, também procuraram a imprensa ontem para reclamar da falta d água. A exemplo do que ocorre na Aldeia Bororó, elas afirmam que as torneiras chegam a ficar secas por mais de duas semanas. "Quando a água chega num dia, vai embora no outro e a gente fica dias sem saber o que fazer para lavar roupas, dar banho nas crianças e cozinhar", conta Rosângela Sanches.

O presidente do Sindicato Rural comenta que o episódio envolvendo o caiuá Everton Garcia Garcete, que sem água decidiu perfurar um poço usando apenas uma pá-de-ponta é emblemático. "De forma irresponsável, a Funasa mandou os índios aterrarem seus poços porque todos teriam água encanada na porta de suas casas, mas agora a própria Funasa deixa estas famílias até dois meses sem água, ou seja, isto é crime e os culpados devem ser responsabilizados pelo Ministério Público Federal", comenta Gino Ferreira.

AMAMBAI

Na semana passada, o presidente do Sindicato Rural já havia criticado a Funasa em virtude da falta de água na Aldeia Limão Verde, em Amambai, onde vivem mais de 1.100 índios da etnia guarani-kaiowá e cerca de 40 famílias estariam bebendo água estocada em um bebedouro de gado. Para Gino Ferreira, tanto a situação em Amambai quanto na Reserva Indígena de Dourados deixa evidente que os índios não precisam de mais terra, como tentam fazer crer o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal (MPF). "Se o dinheiro que estão torrando para bancar os altos salários dos antropólogos que estão coordenando os grupos que investigam terras em 26 municípios de Mato Grosso do Sul fosse aplicado diretamente em benefícios para os índios, não estaria faltando água nas aldeias", finaliza.

O chefe do Núcleo da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) em Dourados, Donizete de Araújo, admitiu a dificuldade de abastecimento, mas jogou a culpa sobre os próprios índios. "Isto acontece (a falta d água) porque o desperdício de água é exagerado", afirmou. Ele garante, no entanto, que a Funasa está fazendo de tudo para acabar com o problema. "Não estamos medindo esforços, tanto que já contratamos cinco profissionais para fazer melhorias na rede e já recebemos um técnico de Campo Grande para investigar porque está faltando água em algumas regiões da Reserva Indígena", garante Araújo.

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