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Geração térmica ameaçada

OESP, Economia, p. B2
17 de Set de 2006

Geração térmica ameaçada

A crise energética prevista para a próxima década e que o governo Lula insiste em negligenciar já surge nas usinas termoelétricas, que não podem ser acionadas por falta de gás natural. E a situação tende a se tornar crítica em 2007 e 2008, segundo a consultoria Gás Energy.

Novas termoelétricas foram projetadas ou instaladas, desde 2001, para servir como mecanismo regulador da oferta. Raramente operam a plena carga, pois a energia térmica é mais cara que a hidráulica, mas têm de operar se o regime pluviométrico é desfavorável e as hidrelétricas não podem usar toda a capacidade instalada.

Vultosos recursos foram investidos nas térmicas, após o racionamento. Em 2001, o programa de termoeletricidade (PPT) previa 54 projetos de usinas, mas apenas 22 foram realizados. A capacidade de geração é estimada em cerca de 6 mil MW, mas mais da metade das usinas não pode ser acionada por falta de gás natural, deixando de utilizar uma capacidade de 2,6 mil MW. "A alternativa é gastar água dos reservatórios, numa situação semelhante à que precedeu o racionamento", disse o diretor da Gás Energy, Marco Tavares.

O equilíbrio energético, indispensável no longo prazo, está sujeito a fatores de curto prazo. O regime de chuvas já não é tão favorável, neste ano, como em 2005, e os preços da energia no mercado spot sobem.

O maior risco é o da combinação de problemas hidrológicos com falta de suprimento de gás às usinas térmicas. E é uma ameaça real: o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já determinou que todas as usinas térmicas, inclusive as mais poluentes (movidas a carvão), passem a operar.

O estudo da Gás Energy se baseou no Planejamento Mensal da Operação (PMO) do ONS, incumbido da coordenação e do controle da operação dos sistemas interligados de energia. O custo atual já justificaria a entrada em operação de quatro usinas térmicas a gás.

A demanda de gás natural tem crescido cerca de 20% ao ano. O gás abastece residências, veículos e empresas. Indústrias não conseguem fechar contratos de compra, porque a Petrobrás não tem gás para vender às distribuidoras.

Em 2008, segundo a Gás Energy, o País suprirá apenas 32% da capacidade de absorção das térmicas. O desabastecimento tende a ser agudo e a normalização da oferta, em 2009, dependerá da produção das bacias de Santos, Espírito Santo e Campos e da importação de gás natural liquefeito.

OESP, 17/09/2006, Economia, p. B2

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