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General indicado pelo PSC para Funai não será nomeado, diz ministro

G1- http://g1.globo.com
Autor: Filipe Matoso
06 de Jul de 2016

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira (5), após se reunir com lideranças indígenas, que o general da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior, indicado pelo PSC para a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), não assumirá o posto porque o governo procura alguém com "outro tipo de perfil".

A indicação do general motivou uma reunião na tarde desta quinta, no Planalto, entre Moraes, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e lideranças indígenas.

Em troca do apoio do PSC no Congresso Nacional, o governo havia acertado que caberia ao partido indicar um nome para a presidência do órgão, e a legenda sugeriu Peternelli Júnior. A informação de que o general estava indicado para o órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, foi divulgada na edição desta quarta do jornal "Folha de S.Paulo".

"Não há nenhum veto pessoal ao indicado pelo PSC, mas não será ele o presidente da Funai, porque já estamos em negociação com outro tipo de perfil e coloquei isso na reunião [com os índios]. Estamos procurando um perfil que já tenha um perfil histórico de diálogo com as comunidades indígenas para aquilo que estamos planejando", disse o ministro.

Antes da reunião no Planalto, o Ministério da Justiça chegou a divulgar uma nota à imprensa na qual disse que "não houve nenhum convite" para o general assumir a presidência da Funai.

"Não há lugar reservado para partido em determinada fundação, autarquia ou secretaria do Ministério da Justiça. O que eles podem fazer é indicar pessoas com bons currículos, pessoas qualificadas. Agora, entre a indicação, a análise e a escolha há uma distância bem grande, como neste caso de hoje", acrescentou.

Procurada pelo G1, a assessoria do PSC disse que o partido recebeu com "naturalidade" a informação de que o general não será nomeado para a Funai e que o fato "não altera em nada" a relação do partido com o governo.

Questionado sobre se a indicação do general para a Funai havia sido um erro, Alexandre de Moraes devolveu a pergunta aos jornalistas: "Por que seria um erro?".

Na avaliação do ministro, há pessoas com "total condição" de ocupar alguns cargos, mas, em determinados momentos, cada gestor procura "determinados perfis". "Foi isso o que aconteceu, simplesmente", acrescentou.

Nesta quarta, a possível nomeação de Peternelli Júnior provocou polêmica nas redes sociais porque ele fez uma publicação no Facebook em alusão a 31 de março, data do golpe militar de 1964, com a seguinte teor: "Salve 31 de março! 52 anos que o Brasil foi livre do maldito comunismo!!! Viva os nossos bravos militares! O Brasil nunca vai ser comunista". Em outras publicações, porém, de 2014, ele chegou a dizer que não via motivos para intervenção militar no país porque o Brasil tem instituições que funcionam "normalmente".

Indicações dos índios

Segundo Alexandre de Moraes, há entre os indicados para a presidência da Funai nomes apresentados pelas lideranças indígenas mas, até agora, disse, esses nomes levados à pasta enfrentam um "obstáculo" porque o governo quer nomear alguém que tenha "amplo diálogo" com todas as comunidades do país.

"E há, ainda, uma falta de um diálogo maior [dos indicados] com as [demais] comunidades, o que pode levar até a um acirramento na questão da demarcação [de terras]", disse o ministro.

O cacique Aruã Pataxó, presente à reunião no Planalto, observou que os índios têm "compromisso e competência" para gerenciar a Funai.

O líder indígena, contudo, admitiu que, se um técnico ou um político com "relação boa" com as comunidades assumir, isso já será "bom".

Demarcação de terras

Segundo Alexandre de Moraes, o Ministério da Justiça quer manter o "diálogo permanente" com as comunidades indígenas e, por isso, o órgão precisa adotar medidas que façam com que as políticas "avancem".

Entre essas políticas, ele citou a demarcação de terras reivindicada pelas lideranças indígenas. Na avaliação do ministro, o modelo atual gera "demora e impaciência" e, por isso, é preciso "acelerar" o processo.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/07/general-indicado-pelo-psc-…

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