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General Felix preve tensao adicional no Para

OESP, Nacional, p.A9
01 de Mar de 2005

General Félix prevê tensão adicional no Pará
Tânia Monteiro
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix, reúne-se hoje em Belém com o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), para traçar a estratégia de atuação conjunta entre os governos federal e estadual na região, tentando estreitar o diálogo entre eles. Depois, segue para Altamira, a fim de acompanhar o desenrolar das ações federais na área. A informação foi prestada ao Estado pelo próprio general Félix, que reconheceu ainda que, algumas das ações de fiscalização poderão provocar o fechamento de empresas da área, serrarias, por exemplo, o que certamente levará ao desemprego, gerando uma tensão social adicional à região.
Como parte da estratégia do governo federal de se fazer presente em áreas de conflito, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vai abrir um escritório de trabalho permanente em Santarém, no interior do Pará, para ajudar na prevenção de problemas na área. Hoje, vários agentes estão na região onde houve o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang. Eles municiam o Planalto com informações, por meio do posto avançado do Gabinete de Gestão de Inteligência, instalado provisoriamente em Altamira. A presença destes homens ajudará o governo a enfrentar novos momentos de tensão, que estão sendo aguardados a partir de agora, com a reação ao início das ações legais de notificação aos posseiros e aplicação de multas.
"Vamos conversar com o governador, com os prefeitos, com todas as autoridades e precisamos ver quais são os problemas que existem ou que poderão existir na região e quais as ações que poderão causar atritos ou até gerar desemprego", afirmou o general. "Se, por acaso, fechar uma empresa, as pessoas sofrerão e nós precisamos ter uma ação alternativa para não deixar os governos municipal e estadual sozinhos arcando com as conseqüências", justificou ele, ao lembrar que a Abin precisa de prever as dificuldades antes que elas aconteçam.
Barril de Pólvora - O general Félix tem grandes preocupações com a região e defende a presença do Estado nos mais diversos pontos do Pará.
"Enquanto governo federal e estadual não estiverem definitivamente instalados na região, ela será sempre um barril de pólvora", avisou o general, ao acentuar que "o Pará tem problemas históricos". E acrescentou: "a presença do Estado é fundamental e, na área, historicamente, há baixa presença dos vários níveis de governo e, se isso não for solucionado, teremos sempre problemas".
De acordo com o general, os problemas vêm de 30, 40 anos e estão latentes. Ele ressaltou que, quando as pessoas começam a desbravar as regiões, o Estado tem de chegar ao mesmo tempo porque, quando as terras começam a escassear, se as autoridades federais e estaduais não estiverem presentes "vira faroeste", porque não existe vazio de poder.
"Onde o poder não está presente, alguém o ocupa", advertiu.
O general Félix informou que, desde o início do governo, o Planalto está preocupado com a região, que sempre foi considerada problemática, justamente pela ausência do Estado. Ele lembrou que, muitas das ações que foram anunciadas para serem desenvolvidas lá, agora, "estão sendo desencadeadas há dois anos e foram aceleradas em função dos últimos acontecimentos". O ministro destacou ainda que, muitas coisas não dependem só do governo federal, precisam vir acompanhadas de decisões judiciais. "Por isso mesmo, ressaltou, vamos pedir reforço e uma maior presença do poder judiciário e do Ministério Público para facilitar a solução dos problemas na área, que são inúmeros".
Reforço - Segundo o general Félix, além do posto avançado do GSI em Altamira, houve reforço também em Belém, para facilitar o trabalho na área, fazendo a interface com os órgãos federais na cidade. Sobre o novo escritório da Abin, em Santarém, ele explicou que a idéia não é nova, mas está em fase de execução, embora o escritório só deva começar a funcionar, oficialmente, dentro de alguns meses. Ele explicou que o governo quis criar, nas extremidades da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, escritórios para acompanhamento mais de perto dos problemas da região, justamente com o propósito de se antecipar aos fatos. Se houver necessidade, ressaltou, mais gente poderá ser deslocada para lá, só que isso depende da chegada dos concursados, que ainda estão em fase final de contratação.

OESP, 01/03/2005, p. A9

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