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Gasoduto de US$ 300 milhões

A Crítica-Manaus-AM
Autor: Terezinha Torres
23 de Mar de 2003

Obra custará US$ 300 milhões

O gasoduto de 417 quilômetros que a Petrobras pretende construir para ligar o Terminal Solimões, localizado em Coari (a 370 quilômetros da capital) a Manaus, atravessará os municípios de Anori, Manacapuru e Iranduba. A obra está orçada em US$ 300 milhões e, segundo dados a companhia, o volume de gás natural a ser transportado será da ordem de 5 milhões de metros cúbicos/dia. Esse gás, sairá do Pólo Arara, na base petrolífera de Urucu (que também fica em Coari) e já está ligado ao Terminal Solimões por um outro gasoduto de 280 quilômetros de extensão.

"O traçado do gasoduto foi desenvolvido a partir de fotografias aéreas e imagens de satélite, permitindo a escolha de uma rota que não interfira em terras indígenas e priorize a utilização de áreas já impactadas de forma a minimizar ao máximo os potenciais impactos ambientais e sociais decorrentes do projeto", informou a assessoria de imprensa da Petrobras.

Dos 417 quilômetros de extensão do gasoduto, 210 quilômetros terão 24 polegadas de diâmetro. Esse trecho, chegará até uma estação intermediária localizada próximo ao município de Anori. Nos 207 quilômetros restantes, que ligarão o gasoduto a Manaus, o diâmetro será de 20 polegadas. Para permitir o transporte do gás será necessário duplicar em 18 polegadas o gasoduto já existente entre o Pólo Arara e o Terminal Solimões.

A partir do terminal Terminal Solimões o duto segue em direção sudeste por aproximadamente 2 quilômetros, onde segue paralelamente à margem do rio Solimões até o ponto da travessia, no sentido nordeste até a margem direita do rio. De acordo com a descrição das instalações, o gasoduto também fará a travessia do Rio Badajó, dos lagos Cuamã e Caapiranga até atingir as margens do Rio negro, onde iniciará a travessia do mesmo até os limites da Refinaria de Manaus (Reman).

O sistema deverá ser composto de duas estações de compressão, uma no próprio Terminal Solimões e outra, intermediária, na região do município de Anori. O gasoduto deverá ter a capacidade de transportar uma vazão nominal de 10,8 milhões de metros cúbicos/dia de gás natural. O traçado preliminar do gasoduto divulgado pela Petrobras não apresenta ramais do duto principal, mas de acordo com as informações da assessoria de imprensa da companhia, dependendo da necessidade local, os municípios atravessados pelo duto poderão ser atendidos por esses ramais.

Cuidados

Uma das características das instalações do gasoduto é que ele será provido de válvulas de bloqueio automático intermediárias para minimizar danos ao ser humano e ao meio ambiente e restringir a perda de gás, em caso de vazamento ou rompimento. As válvulas terão um mecanismo (o atuador) que permite fechamento automático em baixa pressão ou alta velocidade de queda de pressão no gasoduto.

O gasoduto deverá ser enterrado em toda a sua extensão com uma cobertura mínima de 1,2 metros, exceto em trechos rochosos, onde será admitida uma profundidade de 60 centímetros. Somente em casos excepcionais, de acordo com o memorial descritivo da obra, será permitida a execução de cortes no terreno ao longo da faixa de domínio, e se for possível, o perfil original será restaurado. Em qualquer situação, as áreas afetadas pela construção do gasoduto serão recompostas nas condições mais próximas possíveis das condições, detalha o memorial.

Trabalhos devem começar em um ano

Há duas semanas, a deputada federal Vanessa Graziottin (PCdoB) participou de uma reunião entre a coordenadora de Negócios da Petrobras, Angélica Garcia Loureano e o secretário estadual de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Virgílio Viana. De acordo com o que foi divulgado pela assessoria da parlamentar, a intenção da Petrobras é iniciar a obra do gasoduto em uma ano. A expectativa da companhia, de acordo com o que foi divulgado, é que o processo de licenciamento da obra junto aos órgãos ambientais, seja concluído, na melhor das hipóteses, em seis meses. Daí para o início da obra, levariam mais três ou quatro meses. Trabalhar com prazos para o projeto de construção dos dois gasodutos que a Petrobrás pretende construir no Amazonas - o Coari/Manaus e o Coari/Porto Velho (RO) - ficou mais complicado desde a última semana. O procurador-chefe da República no Amazonas, Sérgio Lauria, ingressou na Justiça Federal com uma ação cautelar preparatória, com pedido de liminar, com o objetivo de suspender os efeitos da licença prévia concedida pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a construção do gasoduto Coari/Porto Velho e de evitar que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) dê seu aval à construção do gasoduto Coari/Manaus.

O argumento utilizado pelo Ministério Público é de que o Estudo de Impacto Ambiental (Eia/Rima) referente ao gasoduto Coari/Porto Velho é frágil, precário e cheio de lacunas, conforme teria ficado demonstrado nas audiências públicas realizadas para discutir o estudo e em pareceres técnicos da 4ª Câmara Ambiental do Ministério Público Federal. A Petrobras recebeu um prazo da Procuradoria para atender as recomendações (resumidas em 14 itens) de complementação do Eia/Rima. Como essas recomendações não teriam sido observadas, Lauria decidiu mover a ação cautelar contra a empresa. Procurada por A CRÍTICA para comentar a decisão do Ministério Público, a Petrobras não se manifestou.

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