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Garimpagem ilegal avança na reserva

http://www.folhabv.com.br/fbv/Noticia_Impressa.php?id=54977
Autor: ANDREZZA TRAJANO
28 de Jan de 2009

A morte de um índio Yekuana ocorrida na semana passada por um grupo de garimpeiros reascendeu uma discussão: até quando a mineração ilegal e o consequente desmatamento vão continuar crescendo no estado? Se as autoridades não agirem rapidamente, a sociedade terá em breve suas terras devastadas e a sobrevivência das populações indígenas correrá sérios riscos.

A Folha ouviu algumas instituições ligadas ao combate ilegal de exploração mineração. Polícia Federal e Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deram seus posicionamentos quanto a essa problemática crescente.

De acordo com o delegado de Polícia Federal, Alan Gonçalves, titular da Delegacia de Meio Ambiente (Delemaph), as ações de combate ao garimpo são realizadas diariamente.

Segundo ele, além das atividades de campo, os policiais investigam os financiadores, que costumam ficar na cidade. "Todas as operações da Polícia Federal que envolveram o combate a crimes financeiros tiveram a prisão de financiadores de garimpo, que consequentemente repercutem no fechamento deles na selva", explicou, acrescentando que é mais eficiente prender "o cabeça" da atividade ilegal do que trocar tiros com os garimpeiros e colocar a vida deles, dos policiais e também dos indígenas - que possam estar envolvidos na prática - em risco.

IBAMA - O chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Benjamim da Luz, disse que no ano passado não houve em Roraima nenhuma fiscalização realizada pelo órgão na terra indígena Yanonami, relacionada a garimpo. As atividades estiveram concentradas no combate ao desmatamento, que era crescente no estado. Sobre esse assunto, só há trabalhos de levantamento de informação.

Ele explicou que a fiscalização na reserva indígena é complexa. Demanda tempo e grande efetivo - que não existe na unidade regional -, além de apoio logístico das Forças Armadas e Polícia Federal.

Entretanto, Luz ressaltou que o combate ao garimpo está entre as prioridades do Ibama para 2009. Diretrizes e orçamentos das ações serão definidas em reunião que será realizada em breve em Brasília, entre a presidência e os órgãos regionais. O concurso público que será realizado ainda este ano também contemplará mais vagas para a Divisão de Fiscalização.

"Na hora em que nosso planejamento anual for definido, poderemos atuar sobre esse foco específico", enfatizou.
A mineração ilegal, conforme Luz, traz danos irreparáveis ao meio ambiente. O principal é o assoreamento dos rios, seguido da contaminação das águas pelo mercúrio e a erosão.

Apesar das operações policiais de combate ao garimpo - como a Selva Livre executada pela PF na década de 90, o chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama disse que a extração mineral nunca acabou. "Há épocas de menor e maior intensidade, porém a atividade ilegal está crescendo e acredito que voltaremos a ter problemas com garimpos", observou Benjamim da Luz.

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