VOLTAR

'Fundos verdes' são alvo do Brasil no G20. Entenda porquê

G20 - https://www.g20.org/pt-br/noticias/fundos-verdes-sao-alvo-do-brasil-no-g20-entenda-porque
06 de Mai de 2024

'Fundos verdes' são alvo do Brasil no G20. Entenda porquê
O Grupo de Trabalho Finanças Sustentáveis elaborou proposta para desburocratizar o acesso aos quatro maiores fundos multilaterais climáticos mundiais, os chamados 'fundos verdes,' para que países do Sul Global acessem financiamento para projetos de combate aos impactos das mudanças climáticas.

06/05/2024 07:00 - Modificado há 7 dias

Está entre as prioridades da presidência brasileira do G20 desburocratizar o acesso dos países do Sul Global aos quatro principais fundos multilaterais que financiam projetos para frear a crise climática. Juntos, o Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund); Fundo de Investimento Climático (Climate Investment Funds); Fundo de Adaptação (Adaptation Fund) e o Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environment Facility) possuem uma carteira de investimentos que ultrapassa os 27 bilhões de dólares.

Ivan Oliveira, subsecretário de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Fazenda (MF) do Brasil, destacou que os critérios para acesso obedecem a regras que excluem países em desenvolvimento. Mesmo o Brasil com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), que é uma instituição com reconhecida capacidade de construção de projetos, tem dificuldade.

Entre as questões que restringem o acesso estão o tipo de governança; a forma como são constituídos os conselhos gestores e, em alguns casos, a burocracia que resulta em demora entre a apresentação do projeto, aprovação e destinação dos recursos para ações de sustentabilidade.
"Quebrar essa burocracia, fazer com que a gente tenha acesso facilitado, uma acreditação mais rápida e o processo de aprovação no board, por exemplo, é parte da nossa agenda no G20 e uma das principais entregas no Grupo de Trabalho Finanças Sustentáveis. É importante que esse dinheiro chegue na ponta e gere impacto. Daí essa ideia da facilitação de acesso ser colocada como ponto crítico nas nossas entregas no G20", explicou o economista.

"Quebrar essa burocracia, fazer com que a gente tenha acesso facilitado, uma acreditação mais rápida e o processo de aprovação no board, por exemplo, é parte da nossa agenda no G20 e uma das principais entregas no Grupo de Trabalho Finanças Sustentáveis. É importante que esse dinheiro chegue na ponta e gere impacto. Daí essa ideia da facilitação de acesso ser colocada como ponto crítico nas nossas entregas no G20", explicou o economista.

Adriana Ramos, secretária-executiva do Instituto Socioambiental (ISA), pontuou que o financiamento é um dos grandes gargalos para a implementação dos tratados internacionais para a área ambiental. Ter recursos disponíveis para financiar a transição ecológica é fundamental. "A gente precisa garantir que fundos verdes estejam fundamentalmente associados a investimentos realmente inovadores e novas tecnologias, melhores práticas socioambientais e projetos dos povos de comunidades tradicionais, para garantir que aquela floresta que a gente tem, que no caso do Brasil tem um papel no contexto global, que ela continue existindo. A gente precisa apoiar essas comunidades, enfatiza."
Facilitação necessária

O grupo de trabalho de Finanças Sustentáveis da Trilha de Finanças do G20, que na presidência brasileira do G20 é coordenada pelo Ministério da Fazenda do Brasil, identificou a existência de mais de 10 bilhões de dólares nesses fundos que não conseguem ser investidos ou financiar projetos sustentáveis. Ivan explicou que existem outros fundos com o mesmo objetivo, mas esses quatro foram escolhidos pelo grupo por conta da quantidade significativa de recursos que movimentam.

Como exemplo do potencial de mobilização de recursos desses fundos, Oliveira explica que, em recente rodada de investimentos, os aportes ao GCF chegaram a 13.9 bilhões de dólares para financiar 253 projetos em 119 países nos próximos quatro anos. A estimativa, de acordo com o secretário brasileiro é que, juntos, os fundos atinjam 25 bilhões de dólares nos próximos anos, "que precisam chegar e gerar impacto nos países em desenvolvimento".

"A facilitação de acesso a esses fundos é crítica. Conecta com a nossa necessidade, bem colocada no Plano de Transformação Ecológica pelo ministro Haddad, e com a agenda de política externa do Brasil, do presidente Lula, que é por uma agenda de solidariedade e de conexão com as necessidades dos países em desenvolvimento", pontuou Oliveira.

No G20, o GT também quer levar para a discussão uma "caixa de ferramentas" para o financiamento climático, composta por uma combinação de instrumentos financeiros; propostas de desburocratização dos processos; boas práticas de financiamento climático; e um plano de ação para fortalecer as capacidades dos países para elaborar projetos e, finalmente, acessar recursos verdes para mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover ações pela sustentabilidade.
Conheça os principais Fundos Verdes

Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund - GCF)

Criado no início dos anos 2010, é o maior fundo climático do mundo e atua para apoiar países em desenvolvimento para ampliar e alcançar as ambições pela redução das emissões de gases de efeito estufa e por alternativas que possam mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O GCF tem uma carteira de 13,9 bilhões de dólares que financia ações climáticas em mais de 120 países.

Fundos de Investimento Climático (Climate Investment Funds - CIF)

Atuam como facilitadores para o planejamento de ações inteligentes para que países em desenvolvimento enfrentem as crises climáticas. Os recursos dos fundos também são utilizados para capacitar os governos, a sociedade civil, os povos indígenas, o setor privado e os bancos multilaterais de desenvolvimento para trabalharem em conjunto por soluções financeiras em grande escala e de baixo custo contra os riscos climáticos. O CIF tem uma carteira de investimentos de 7,5 bilhões de dólares.

Fundo de Adaptação (Adaptation Fund)

Desde 2010, o fundo financia ações que ajudam comunidades vulnerabilizadas de países em desenvolvimento nos processos de adaptação às mudanças climáticas. Com cerca de 1,1 bilhões de dólares alocados, apoia do planejamento à implementação de projetos desenvolvidos pelos Estados, de acordo com suas necessidades. É financiado em grande parte por doadores governamentais e privados, e também por uma parcela de 2% das receitas por certificados de redução de emissões (CERs).

Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environment Facility - GEF)

É um grupo de fundos que tem como objetivo enfrentar a perda da biodiversidade, as mudanças climáticas, reduzindo a poluição e as crises na saúde da terra e dos oceanos. Apoiam países em desenvolvimento a identificar as prioridades ambientais e aderir aos acordos internacionais sobre o tema. No último ciclo de investimentos (2022 a 2026), mobilizou 5,33 bilhões de dólares.

https://www.g20.org/pt-br/noticias/fundos-verdes-sao-alvo-do-brasil-no-…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.