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Fundação pedirá ajuda da PF para apurar agressões

OESP, Nacional, p. A21
02 de Jun de 2007

Fundação pedirá ajuda da PF para apurar agressões
Segundo Funai, há relato de tiros e mortes na aldeia dos caiapós isolados, que não são considerados agressivos

Ricardo Brandt

A Fundação Nacional do Índio (Funai) vai pedir ajuda à Polícia Federal e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) caso os índios caiapós que viviam isolados confirmem que abandonaram a terra indígena de Menkragnoti, no sul do Pará, em decorrência da ação de grileiros.

O presidente da Funai, Márcio Meira, informou ontem que pretende aguardar os novos relatos dos caiapós para avaliar se será necessária a ação policial na região, uma reserva que foi oficialmente reconhecida em 19 de agosto de 1993.

"Não sabemos exatamente qual é a localidade da aldeia em que eles viviam, nem mesmo se ficaram índios lá", disse Meira. Como eram considerados isolados, a Funai deixou de buscar contato com eles. Sua aldeia está em algum ponto dentro dos 4,9 milhões de hectares da terra de Menkragnoti.

Até agora, o que se sabe é que os 87 índios fugiram assustados com a pressão que vinham sofrendo por parte de invasores. Há relatos de agressões físicas e até de tiros e mortes.

"O problema é que não sabemos se isso aconteceu agora, recentemente, ou se é um processo de alguns anos", declarou o presidente da Fundação Nacional do Índio. A Funai também não sabe dizer se os agressores dos índios eram garimpeiros ou madeireiros.

Os caiapós isolados não são agressivos, segundo relatos. Usam como arma a borduna, que é um pedaço de madeira dura em forma cilíndrica. A Funai quer saber quantos índios foram mortos durante essas invasões e quando elas ocorreram.

RISCOS

Elias Bigio, da Coordenação de Índios Isolados, afirmou que a Funai tem conhecimento de que terras indígenas nem sempre são respeitadas, mas que, por se tratar de um local já reconhecido, acreditava-se que os riscos de ocorrências de invasões fossem menores.

Atualmente existem 68 referências na Funai de povos indígenas que vivem em isolamento no País. A maior parte deles são grupos pequenos. O último registro de algum contato com um grupo desses ocorreu há três anos, em uma aldeia que tinha somente 25 índios.

De acordo com Bigio, equipes da fundação realizam monitoramentos de alguns grupos, sempre à distância, para checar se não existem riscos de invasões, principalmente nas áreas que ainda não tiveram seu reconhecimento formal.

"Nas terras já regularizadas, os índios que vivem isolados estão mais protegidos", disse. "Só entramos em contato quando verificamos que há algum risco de vida", completou Bigio. No caso dos 87 caiapós da terra de Menkragnoti, ele disse que não havia qualquer notícia sobre invasões.

OESP, 02/06/2007, Nacional, p. A21

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