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Fundação ameaça dispensar a Urihi

Folha de Boa Vista-RR
Autor: Natalie Pissini
21 de Fev de 2002

A entidade alega que a verba repassada pela Funasa não é suficiente para cuidar da saúde dos Yanomami
Há informação não-confirmada de que os médicos da Urihi suspenderam atendimento aos índios

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ameaçou cancelar o contrato com a entidade Urihi, que mantém convênio para cuidar da saúde dos índios Yanomami. Está previsto para a entidade receber este ano cerca de R$ 6,7 milhões, mas a administração da Urihi garante que o dinheiro é insuficiente para desenvolver os trabalhos.
O coordenador regional da Funasa, Ipojucan Carneiro, que se encontra em Belém (PA), disse por telefone que a reclamação existe porque com este valor a Urihi terá que diminuir os salários de seus funcionários.
"Tem pessoas que recebem R$ 10 mil, mas não trabalham na área indígena, e sim na parte administrativa. Nós não podemos aceitar porque enquanto eles ganham este valor nossos funcionários recebem R$ 2 mil", disse o coordenador.
Há informações extra-oficiais de que alguns profissionais paralisaram suas atividades dentro da área indígena por causa do impasse e só atendem casos de emergência, até que o problema seja resolvido.
"Se eles não aceitarem, a Funasa irá fazer o trabalho, contratando pessoas até mesmo que trabalham para a Urihi ou de outra Ong (Organização não-governamental), com os salários que nós podemos pagar", complementou Ipojucan Carneiro, frisando que na sua opinião o Ministério Público não irá ceder aos pedidos da Urihi.
O repasse de verba para a saúde indígena, incluindo todas as Ongs, gira em torno de R$ 15 milhões. "O dinheiro é tanto, que representa quase 50% do que o Estado gasta com saúde", enfatizou o coordenador regional. Os dados da Funasa mostram que para este ano os valores empenhados de dinheiro para o Estado são de R$ 1,4 milhão.
Para o Conselho Regional Indígena de Roraima (CIR) são R$ 6,4 milhões, mais R$ 2,6 milhões para a Diocese de Roraima e os R$ 6,7 milhões para a Urihi.
Os diretores da Urihi se encontram em Brasília para discutir a situação com os representantes da Funasa nacional. A Folha entrou em contato com um deles, mas o diretor não adiantou o que ficou decidido.

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