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Funcionários da Funai querem proteção

O Globo (Rio de Janeiro - RJ)
10 de Jul de 2001

Cansados das agressões e das invasões à sede da Funai, os funcionários do órgão pediram medidas enérgicas contra os índios xavantes e querem proteção das polícias militar e federal para trabalharem sem ser ameaçados. A Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef) pede também proteção para denunciar os agressores ao Ministério Público Federal.
A cena já virou rotina. Vestidos para guerra — com os corpos pintados e munidos da borduna — os xavantes ocupam a Funai e arrastam para fora do prédio diretores e servidores que não atendem a seus pedidos.
"É incabível se querer tirar à força um diretor porque ele não é bonzinho para alguns xavantes. O que é ser bom para os xavantes? É transformar a Funai numa grande concessionária de venda de carro? É transformar numa fábrica de DAS (cargos comissionados) para alguns índios? É pagar para cada cacique R$ 2 mil?", diz ofício de 28 de junho do presidente da Ansef, Roberto Câmara, dirigido ao presidente da Funai, Glênio Alvarez.
O fato que motivou a reação dos servidores foi a investida dos índios no dia 22 contra o diretor de Assistência da Funai, Wilton Andrada, que foi levado aos empurrões até o estacionamento. No tumulto, levaram o relógio do diretor. Segundo a Ansef, funcionários foram coagidos e tiveram que parar de trabalhar.— Esses funcionários, covardemente se escondem atrás de alguns índios e os usam para benefício próprio — afirma a carta, que denuncia a presença de alguns servidores índios entre os manifestantes. Metade dos cerca de 3 mil funcionários da sede da Funai é indígena.— A cada invasão da sede em que um grupo vem e leva algum recurso, se deixa de atender aqueles que de fato necessitam da assistência da Funai — diz o ofício da Ansef ao presidente.O temor dos servidores é que os xavantes, que retornaram para Mato Grosso, vão estar de volta em agosto. Os funcionários querem a proteção da polícia nos dias em que estiverem em Brasília.— Essa decisão não deve ser vista como desrespeitosa. Trata-se apenas de uma questão de sobrevivência mesmo, já que os índios costumam portar bordunas, facas e outras armas nas dependências da Funai — afirma Roberto Câmara.Várias administrações regionais da Funai e lideranças e comunidades indígenas de outras etnias enviaram nota condenando a agressão ao diretor.

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