Funasa distribuirá remédios a índios da Amazônia

BRASÍLIA - Mais de 8 toneladas de medicamentos serão distribuídos nos próximos dias para atender as populações indígenas do Amazonas. Os remédios - incluindo o Interferon, usado no tratamento da hepatite - já seguiram de Brasília com destino à Manaus, capital do Amazonas. A distribuição dos medicamentos foi confirmada esta semana pelo novo coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Amazonas, Pedro Paulo de Siqueira Coutinho. Segundo ele, os medicamentos serão distribuídos a todos os Distritos Sanitários Especiais (Dseis), "beneficiando milhares de índios".

A malária, a hepatite, a Aids e a diarréia são as doenças que mais castigam os índios do Amazonas, segundo dados do Ministério da Saúde. O Amazonas é o Estado brasileiro onde se registram os maiores índios de casos de hepatite entre a população, inclusive indígena.

A hepatite B, parente próxima do C, também é uma tragédia na Amazônia. O Ministério da Saúde estima que, nos dias atuais, mais de 20% da população da região - o equivalente a 4,6 milhões de pessoas - sofra as mazelas desse tipo de vírus. Em todo mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a hepatite C atinge 200 milhões de pessoas. Destes, grande parte é assintomático e sem conhecimento de que é portador do vírus da hepatite C - 99,9% destes podem ter doença hepática.

Na Amazônia, a maior prevalência é a dos tipos B e C. Segundo o infectologista Noaldo Lucena, no Amazonas, os casos do tipo B apresentam incidência de 2% em Manaus, chegando a 10% na região do Javari, a segunda maior área indígena do país. Os casos do tipo C, acrescentou, apresentam índices que variam até 3%.

Saúde indígena é prioridade

Coutinho afirma que uma de suas prioridades da Funasa no Amazonas será dar prosseguimento às ações de saúde indígena, sempre procurando trabalhar em conjunto com as representações dos índios e com as entidades governamentais. "Estamos iniciando este trabalho conscientes de que, como servidores, faremos o necessário para cumprir com o papel institucional da Funasa", enfatizou o novo coordenador. Pedro Paulo Coutinho tomou posse no último dia 17 outubro.

Quando assumiu a coordenação regional da Funasa o órgão estava ocupado por indígenas que reclamavam da administração. Para evitar novas ocupações, Coutinho diz que estará trabalhando em plena sintonia com as lideranças indígenas. Esse diálogo já começa a surtir efeitos positivos. O novo administrador da Funasa recebeu apoio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), por meio de seu dirigente, o indígena Jecinaldo Saterê. "Vou criticar e cobrar quando for necessário e elogiar da mesma forma, disse Saterê.

Coutinho também elogiou a parceria firmada entre a Funasa e a ONG Expedicionários da Saúde, que em novembro prestará atendimento cirúrgico no Alto Solimões, Alto Rio Negro e Parintins. Nessa missão, 30 médicos paulistas integrantes da ONG vão atuar nessas regiões, com o apoio também das Forças Armadas. A Coordenação da Funasa no Amazonas já recebeu as 5 toneladas de equipamentos médicos que ficarão à disposição das famílias indígenas.

O coordenador regional ressaltou ainda que pretende dar total atenção às ações referentes ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC/Funasa) previsto para o Estado. "Tenho certeza que vamos dar conta da nossa missão", avalia Coutinho.

Funcionário de carreira da instituição, Pedro Paulo Siqueira Coutinho acumula diversos cargos nos seus 24 anos de serviço público. Ele foi chefe da Divisão de Administração da Core/RJ, coordenador regional em Mato Grosso do Sul e ainda chefe de gabinete da presidência da Funasa, em Brasília. Pedro Paulo Coutinho também já passou pela chefia da Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária do Ministério da Saúde (MS) e chefiou, também, a Divisão de Administração da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

(*) É assessor de imprensa da Funasa em Brasília.