VOLTAR

Funaro cita propina a Temer por usina

OESP, Política, p. A8
22 de Set de 2017

Funaro cita propina a Temer por usina
De acordo com delator, os repasses relativos a obras da hidrelétrica de Santo Antônio (RO) foram divididos entre peemedebistas e petista

Fabio Serapião e Beatriz Bulla

O corretor Lúcio Funaro afirmou em depoimento que o presidente Michel Temer foi um dos destinatários de propina paga por Odebrecht e Andrade Gutierrez em obra de Furnas no Rio Madeira, em Porto Velho (RO). Segundo ele, também receberam propina o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o exministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O Planalto e os peemedebistas negam.
O corretor Lúcio Funaro afirmou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que o presidente Michel Temer foi um dos destinatários de propina paga pela Odebrecht e Andrade Gutierrez em uma obra da estatal Furnas no Rio Madeira, em Porto Velho, Rondônia. As duas empreiteiras são sócias de Furnas na Santo Antônio Energia, responsável pela instalação e operação da Hidrelétrica Santo Antônio, obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo Funaro, além de Temer, receberam propina o deputado Arlindo Chinaglia (PTSP), o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) - Cunha e Alves foram presidentes da Câmara e estão presos por causa de desdobramentos da Lava Jato. Todos negam as acusações (mais informações nesta página).
Funaro não citou os valores da propina. De acordo com o delator, Cunha lhe contou que os repasses foram acertados pelos ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior, o "BJ", e pelo ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques Azevedo, que também são delatores.
"Os valores foram recebidos por Eduardo Cunha e, posteriormente, foram repartidos entre Henrique Eduardo Alves, Arlindo Chinaglia e Michel Temer", disse Funaro em depoimento prestado em 24 de agosto. O relato do corretor foi anexado à denúncia oferecida pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra Temer por organização criminosa e obstrução da Justiça.
Ainda segundo Funaro, "provavelmente os pagamentos foram feitos parte em espécie e parte em doação de campanha, como era feito de costume na maioria dos casos". "Cunha costumava ira na casa de Otávio Azevedo, localizada perto do aeroporto, quando ia a São Paulo. Que (Funaro) não sabe precisar, nesse caso, o valor total pago e os porcentuais da divisão. Que Arlindo Chinaglia recebeu parte da propina porque era presidente da Câmara e ajudou a convencer o governo a entregar a presidência de Furnas para Eduardo Cunha", diz trecho do depoimento do corretor.
Em delações, ex-executivos da Odebrecht disseram que um grupo de quatro parlamentares recebeu cerca de R$ 50 milhões em propina para ajudar a empreiteira e a Andrade Gutierrez na licitação de Santo Antônio.
Entre os citados pelos delatores, estão dois citados por Funaro em seu depoimento: Cunha e Chinaglia. Segundo os colaboradores da Odebrecht, o petista teria recebido R$ 10 milhões e Cunha, R$ 20 milhões.
Ex-ministro. A Polícia Federal mapeou todos os repasses realizados por Funaro a Henrique Alves. Segundo a PF, foram 15 pagamentos efetuados entre 2012 e 2014 que somam R$ 6,3 milhões. Em 2014, quando Alves foi candidato ao governo do Rio Grande do Norte, os agentes federais apontam o envio de R$ 4,8 milhões ao peemedebista.
Os repasses têm como base planilhas e anotações encontra- das em HDs apreendidos com uma irmã de Funaro, alvo da Operação Patmos, em 18 de maio. Além de entregas em dinheiro pessoalmente ao peemedebista, como uma no valor de R$ 3,5 milhões em 18 de setembro de 2014, a PF detectou doações eleitorais para partidos indicados por Alves e o pagamento de despesas com helicóptero usado na campanha de 2014.
Em delação, Funaro disse que conheceu Alves por meio de Cunha e que ele recebeu propina de operações realizadas pe- la vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa.
'110%'. Em depoimento prestado em 23 de agosto, Funaro afirmou que "Cunha redistribuía propina a Temer, com 110% de certeza", segundo o jornal O Globo. De acordo com a reportagem, no relato há citações a casos em que Temer, Cunha e outros integrantes do partido teriam recebido propina. O delator afirmou ainda, conforme o jornal, que o dinheiro era lavado com a compra de imóveis.

OESP, 22/09/2017, Política, p. A8

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/temer-recebeu-propin…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.