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Funai vai ampliar mais uma reserva indígena em Roraima

Folha de Boa Vista-RR
22 de Nov de 2001

A nova investida da Fundação Nacional do Índio (Funai) para ampliar a reserva indígena do Anaro, na região do Amajari, aumenta a aflição dos produtores instalados nas proximidades da área. Sem informação oficial sobre a decisão, a Assembléia Legislativa deverá recorrer à Justiça.
A notícia sobre a ampliação da reserva chegou ao conhecimento do Legislativo por produtores notificados pelo trabalho de identificação e delimitação da reserva. O documento, sem timbre da Funai ou assinatura de alguém, indica apenas a formação do Grupo Técnico, conforme a portaria 824, da presidência da Funai, datada de 11/10/01.
As declarações são extra-oficiais. Desorientados, os produtores arriscam dizer que a nova área, na margem direita da BR-174 em direção a Pacaraima, será a partir da ponte sobre o rio Uraricoera até a ponte sobre o rio Parimé. Supostamente, cerca de 100 mil hectares em área contígua à reserva de São Marcos.
O vice-presidente da Assembléia, Célio Wanderley, disse que só na terça-feira, dia 20, o Poder Legislativo ficou sabendo da iniciativa através dos relatos de ruralistas quase em desespero pela possibilidade de perderem suas terras.
"Após me reunir com pecuaristas, informei o fato ao presidente da Comissão de Terras e Assuntos Indígenas, deputado Gelb Pereira. Indicamos providências no sentido de saber quais as reais intenções da Funai", disse.
"Novamente, este órgão atenta contra as terras de Roraima sem dar qualquer informação às autoridades do Estado. Sabemos extra-oficialmente que a ampliação da reserva atingirá 16 ou 17 propriedades. A Assembléia vai acionar judicialmente a Funai para conhecer suas pretensões", complementou Wanderley.
O parlamentar informou que o Anaro era a propriedade particular de um cidadão chamado Custódio. Lá ele constituiu família, da qual, segundo informações extra-oficiais, descendem 26 pessoas. Esta área é de 600 hectares. "Sou a favor da demarcação e até ampliação da área, não nos limites desejados, pelo que sabemos, em torno de 40 mil hectares".
FUNAI - Na administração regional da Funai ninguém quis falar sobre o assunto, alegando que esta decisão era da presidência do órgão, passada diretamente ao Grupo Técnico que realiza o trabalho.
Mesmo assim, a Folha apurou que o grupo é coordenado pelo antropólogo Jorge Manoel de Souza. Conforme fontes do jornal, possivelmente a reserva será ampliada para cerca de 18 mil hectares. Na área vivem aproximadamente 60 indígenas de todas as idades.
A reportagem tentou entrar em contato com o antropólogo Jorge Manoel, mas o telefone onde possivelmente seria encontrado na tarde de ontem não foi atendido em nenhuma das oportunidades.

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