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Funai pretende resolver impasse

Diário de Cuiabá - Cuiabá - MT
Autor: Carla Pimental
17 de Fev de 2001

Enquanto fazendeiros bloqueiam estrada, índios dizem que não voltam enquanto não entrar em área.

A Funai vai montar um grupo de trabalho para avaliar a situação dos kayabi, que deslocaram-se do Xingu até o Município de Tabaporã (a 700 quilômetros de Cuiabá) na expectativa de rever seu território de origem.

Segundo o procurador do órgão, Cézar Augusto de Lima do Nascimento, não há como impedir que a União estude o processo. A viagem do grupo de índios até Tabaporã transformou em urgência a deflagração de um procedimento legal na área - uma possibilidade que já vinha sendo estudada há algum tempo pela fundação.

A intenção de formar este grupo de trabalho já existia, garante o administrador executivo da Funai em Mato Grosso, Ariovaldo José dos Santos.

No final da noite de ontem, a equipe da fundação - também composta pelo indigenista José Eduardo Costa - reuniu-se com os kayabi, a fim de discutir a perspectiva da formação de uma comissão indígena, que teria a tarefa de participar, em Brasília, do grupo a ser formado pelo órgão. Hoje, índios e fazendeiros deverão se encontrar para discutir o tema, sob a intermediação da Funai.

A estrada de acesso ao rio dos Peixes - área onde os índios pretendem chegar - continuava interrompida na noite de ontem. A barreira, que na última quinta-feira permanecia impedindo o acesso dos kayabi à entrada da Fazenda Marcisa, foi deslocada ontem para o início da estrada que leva à região. Uma série de caminhões trancava a via e cerca de cem homens – uma estimativa de moradores da cidade - permaneciam acampados no aeroporto local, para manter o bloqueio.

O proprietário da Fazenda Marcisa, Hélio Cardoso Alves Filho, chegou de Minas Gerais, onde mora, no final da manhã de ontem. A primeira reunião com lideranças indígenas e autoridades locais durou menos que cinco minutos, já que as duas partes concordaram em aguardar a presença da Funai para intermediar as negociações.

Fazendeiros e kayabi prometiam ontem não abrir mão de suas decisões. Definitivamente, os índios não vão entrar na fazenda, avisa Hélio Cardoso, acrescentando que sua intenção é continuar mantendo o acesso à região impedido. O cacique Owut Kayabi também garante que os índios não intencionam retornar para o Xingu sem antes entrar na área, o que pode aumentar o clima de tensão.

O grupo chegou à cidade na noite de quarta-feira, com a expectativa de chegar na região do rio dos Peixes na manhã seguinte, mas a viagem foi inviabilizada pelo bloqueio, a cerca de 15 quilômetros da região a ser visitada.

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