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Funai localiza índios isolados da civilização na região norte

A Gazeta - Cuiabá - MT
Autor: Fábio Carvalho
09 de Jan de 2001

Grupo, que deve pertencer à etnia tupi, está numa área entre Mato Grosso e o Amazonas

Índios sem contato regular com a civilização "branca" foram localizados ao norte de Mato Grosso, na divisa com o Estado do Amazonas. O contato feito pela Fundação Nacional do Índio (Funai) aconteceu no fim do ano passado, mas está revestido de muitas preocupações.
Um indigenista, com a intermediação de outros índios, conseguiu o contato com dois jovens do sexo masculino. Eles se chamam Tupi Kawali e Modei Tiku. Há registro fotográfico do contato. Calcula-se que existam mais 17 índios da mesma etnia sem nenhum contato com a civilização.
Existem fortes indícios como a língua falada, de que eles pertençam à etnia tupi. As informações, no entanto, ainda são incipientes. "Mesmo sem o contato, os índios têm noção da existência de um outro modelo de civilização com maior capacidade de estudo e destruição que eles", explica o geólogo e indigenista José Domingués Godói Filho.

Domingues conta que um indigenista que estava trabalhando na Frente Madeirinha, uma investida da Funai a noroeste do Estado, foi quem conseguiu o contato. Os índios, no entanto, evitaram falar sobre sua história ou mesmo se estão divididos em mais de uma aldeia. "A partir de agora, a Funai vai evitar o contato propriamente dito. Um posto avançado deverá fazer o monitoramento da região", acrescenta. A idéia inicial é monitorar a área que os índios ocupam ao longo de um ano (ou mais), compreendendo as diversas variações sazonais.
No futuro, estas informações podem subsidiar a demarcação de uma reserva.
O monitoramento deve reunir dados sobre a movimentação, calendário de festas e atividades de subsistência - só pela observação. "O contato muitas vezes cria demandas que se revelam, mais tarde, complicadores", destaca Doiningues. Outra preocupação é evitar divulgar o local onde os índios se encontram com precisão. "A Funai precisa evitar o enfrentamento com fazendeiros, latifundiários. Infelizmente, ainda existe em Mato Grosso gente que mata índio, usando os mais variados expedientes", finaliza.

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