VOLTAR

Funai inicia a demarcação da reserva Trombetas/Mapuera

Folha de Boa Vista
Autor: Loide Gomes
26 de Fev de 2007

O processo de demarcação física da reserva indígena Trombetas/Mapuera, nos estados de Roraima, Amazonas e Pará, foi iniciado este mês pela Funai (Fundação Nacional do Índio). A previsão é que a colocação dos marcos termine dentro de noventa dias. Diretores da instituição, em Brasília (DF), vieram a Boa Vista acompanhar o início dos trabalhos.

A nova terra indígena fica localizada no Sul de Roraima, numa extensão de 666.775 hectares, que correspondem a 20% da área total. Vivem no local várias etnias, sendo os Wai-wai e os Heskariana as mais expressivas. Na parte roraimense, a reserva é habitada por cerca de 500 índios Wai-wai, mas sua população total na Trombetas/Mapuera extrapola os seis mil indivíduos, segundo informações do administrador local da Funai, Gonçalo Teixeira.

O nome da reserva faz referência aos principais rios que cortam a região. Segundo Teixeira, a bacia hidrográfica do local é robusta e por isso os índios utilizam os rios e igarapés para se locomover na floresta. "Ali, todo o transporte é por via fluvial", informa.

A abundância de rios também facilitará o trabalho da equipe da demarcação. "Em quase toda a sua extensão, a reserva tem limites naturais. Em Roraima, por exemplo, ela é separada pelos afluentes do rio Jatapu", explica, acrescentando que a demarcação iniciou por aqui porque os rios todos correm para o Amazonas e o Pará. "É mais fácil realizar o trabalho descendo pelos rios".

A implantação dos primeiros marcos foi acompanhada pelo diretor de Assuntos Fundiários da Funai, Reinaldo Florindo, pelo coordenador técnico do PPTAL, Wagner Sena, e pela diretora de Projetos Especiais, Deuscleide Gonçalves.

Segundo Gonçalo, a demarcação desta reserva garante o direito à terra aos indígenas Wai-wai, que em Roraima já possuem uma área homologada no Sul do Estado, onde vivem 200 indivíduos.

O administrador garante, no entanto, que além da Trombetas/Mapuera fica faltando a demarcação física apenas da reserva Anaro, localizada no Município de Amajari. "A área já foi delimitada, mas falta a demarcação física e a homologação", informa. Segundo ele, a meta do Governo Federal é concluir esta ação ainda no primeiro semestre de 2007.

A Anaro ocupa uma área de 34 mil hectares, para seis índios Wapixana e Macuxi. "Mas além desta, não há novas áreas em estudo, nem propostas para criação de novas terras indígenas", assegura.

Mas não é o que pretende o CIR (Conselho Indígena de Roraima). Segundo informações da Assessoria de Imprensa, a entidade está acompanhando uma reivindicação de um grupo de índios do Taiano que defende a implantação de mais uma terra indígena, chamada de Arapuá.

Dos mais de 220 mil quilômetros quadrados de terra roraimense, 46,24% são cobertos por reservas indígenas, divididas em 32 áreas diferentes, que abrigam uma população de 41.578 mil indígenas. São 12 etnias atendidas: Macuxi, Wapixana, Yanomami, Yekuana, Wai-wai, Taurepang, Patamona, Sapará, Ingarikó, Waimiri-atroari e Waika.

ÁREA - Localizada na faixa de fronteira do Brasil, a Trombetas/Mapuera é a última grande reserva indígena da Amazônia, com 3,9 milhões de hectares nos municípios de Urucará e Nhamundá, no Amazonas, São João da Baliza e Caroebe, em Roraima e Oriximiná e Faro, no Pará. Em Roraima, ela está colada na terra indígena Waimiri-atroari e circunda a Hidrelétrica de Jatapu.

A área foi declarada terra indígena em 2005. Ali vivem índios das etnias Hixkaryána, Wai-wai Karafawyana, Waiwai Mawayana, Katuena, Waiwai Xerewyana e outras comunidades isoladas.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.