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Funai diz que não tem como fiscalizar plantio de drogas

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
15 de Mai de 2005

Conselho vê influência de brancos

Entidade que lida diretamente com os índios, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) sabe do plantio de drogas nas reservas, mas alega que não se pode responsabilizar
apenas os índios pelo crime.
"Isso aumentou depois que começaram os casamentos de índias com não-índios. Não são só os guajajaras que estão envolvidos, há muitos brancos também, que os influenciam
de forma negativa", afirmou Rosimeire Diniz Santos, coordenadora da entidade no Maranhão. "É uma questão muito delicada e o Cimi não aborda o tema, até para não
colocar em risco a nossa própria segurança", disse.
Segundo Santos, os guajajaras têm o costume de usar as folhas da maconha para fazer chás contra dores. "A maioria planta só um pouco numa horta, com outras ervas
medicinais", disse. A reportagem da Folha, porém, constatou que índios fumam a droga como entorpecente e também a vendem nas próprias aldeias.
Administradores da própria Funai reconhecem que há o plantio para o tráfico, mas alegam que podem apenas tentar conscientizar os indígenas de que é crime.
"A gente fala aos parentes que é errado. Quando encontro alguma plantação, queimo", disse Dilamar Araújo, administrador regional da Funai em Barra do Corda (a 700
km de São Luís), que também é um guajajara.
"A Funai não tem como fazer muita coisa, porque é sozinha, com recursos muito escassos", disse José Leite Piancó, que administra a unidade de Imperatriz (a 639 km
de São Luís), responsável por 98 aldeias e 7.211 índios, boa parte no município de Arame. "Enquanto não houver uma educação melhor, nada vai mudar."
Além do plantio de maconha, Piancó aponta a extração ilegal de madeira como outro crime que tem sido praticado com muita freqüência nas aldeias guajajaras. "Os índios
vendem maconha, madeira, mas continuam na miséria, porque são explorados demais, por traficantes ou por madeireiros", disse.
A violência também já levou seis guajajaras para a prisão, por assalto à mão armada, e outros dois por homicídio, só neste ano, em Barra do Corda. "Já estão assaltando
os próprios parentes", disse Araújo. (KF)

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