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Funai diz que até 190 mil índios vivem fora das aldeias, inclusive em centros urbanos

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Thaís Brianezi
18 de Abr de 2005

Cerca de 100 mil a 190 mil índios vivem fora das terras indígenas,
inclusive em centros urbanos, segundo estimativas da Funai - Fundação
Nacional do Índio. Em Manaus (AM), um levantamento da Pastoral Indigenista
realizado em 1996, identificou a presença de 8.500 indígenas na cidade.
Para a Coiab - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia
Brasileira, esse número hoje pode chegar a 20 mil. "Manaus foi
historicamente tomada dos povos indígenas. Hoje eles estão voltando para
cá", declarou Francisco Loebens, coordenador regional do Cimi - Conselho
Indigenista Missionário.

Os indígenas costumam ser vítimas de preconceito ou de idealizações. "Para
a maior parte dos não-índios, índio ainda é aquele que necessariamente
anda nu", lamentou Francisco. Isso ajuda a explicar o fato de os indígenas
que vivem nas cidades serem comumente ignorados tanto pelo governo quanto
pelas organizações não-governamentais. A Funai já reconhece os chamados
"desaldeados" como indígenas, mas ainda não tem qualquer ação voltada para
ele. Os indígenas de Manaus, entretanto, estão se organizando para
fortalecer sua identidade étnica e lutar por seus direitos.

A AMARN - Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro surgiu em
1987, a partir da união de jovens que vinham para Manaus trabalhar como
empregada doméstica. Uma delas, Lúcia Rezende, hoje é coordenadora da
associação. "Minha aldeia é minha casa, é onde eu estiver", resumiu Lúcia,
que é da etnia Tukano. As etnias mais numerosas em Manaus, segundo dados
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) são Tikuna, Tukano e Sateré-Mawé.

A AMARN tem setenta associadas, que fazem e vendem coletivamente
artesanato, como forma de complementar a renda familiar. Hoje a
comercialização dos produtos da AMARN tem apoio da Petrobrás. As mulheres
do Alto Rio Negro que vivem em Manaus começaram a se reunir para praticar
a língua Tukano e para criar uma rede de apoio e solidariedade entre elas.
Há quatro anos, a AMARN começou a oferecer também cursos de Tukano para
crianças e jovens de 2 a 15 anos. "Este ano as oficinas de Tukano ainda
não começaram, porque estamos com dificuldade para financiar o material
didático e o transporte dos alunos", lamentou.

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