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Funai diz que área da Thotham é indígena

A Gazeta -Vitória-ES
Autor: Zeniltom Custódio
05 de Jul de 2001

A publicação ontem, no Diário Oficial da União, do parecer da Fundação Nacional do Índio (Funai) favorável às comunidades indígenas, que reivindicam uma área de 50,7 hectares no distrito de Santa Cruz, contribuiu para acirrar ainda mais as discussões durante a audiência pública da Thotham Mineração Ltda. O evento aconteceu nas dependências do Serviço Social do Comércio (Sesc), em Ponta Formosa, Aracruz, e atraiu cerca de 1,2 mil pessoas. A discussão transcorreu em clima tenso e alguns momentos de tumulto.Representantes da Funai presentes ao evento, além de técnicos e ambientalistas, solicitaram inclusive, diante do novo fato, a nulidade da audiência pública, o que não foi acatado pelo presidente da mesa, o assessor da presidência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Marco Aurélio Rodrigues.O diretor-presidente da Thotham, Clovis Bordini Racy, declarou que a empresa não teria mais interesse na área, apesar de afirmar que a questão será discutida na Justiça. Segundo ele, todas as atividades da indústria deverão ser instaladas no pólo industrial de Vila do Riacho, em Aracruz.ManifestaçãoA discussão sobre a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), elaborada pela Thotham, durou cerca de quatro horas e teve de ser interrompida várias vezes. Parte do público apoiava a empresa e outra se posicionava contrária ao desenvolvimento das atividades industriais da Thotham, que consiste na expoloração de algas marinhas calcárias em Aracruz.O presidente da mesa teve dificuldade de controlar a situação durante a audiência pública. Foram registrados casos de agressão física e manifestações em tom agressivo. O diretor-presidente da indústria, por exemplo, que tinha trinta minutos para fazer a apresentação do empreendimento, foi interrompido várias vezes. Ele classificou os opositores do projeto de "ambientalistas radicais" e se queixou das exigências impostas pelo Ibama relacionadas com o pedido de licenciamento das atividades de exploração, que considerou rigorosas.Os ambientalistas chamaram a atenção para vários aspectos do projeto, que no entender deles comprometem gravemente a qualidade de vida na região.Os índios de Aracruz também marcaram presença na discussão. O presidente da Associação Indígena e Guarani, Ervaldo Santana, é contrário ao empreendimento no município. A área localizada na vila de Santa Cruz, às margens do rio Piraquê-Açu, está sendo reivindicada pelos índios que estão acampados no local desde agosto de 2000.

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