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Funai com presidente, Lula sem proposta

CIMI-Brasília-DF
08 de Set de 2003

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está dando posse hoje ao novo presidente da Funai, o antropólogo Mércio Pereira Gomes.

O que significa esta posse e para onde ela sinaliza? Infelizmente, nos parece, para nenhum lugar. Os povos indígenas estão invisíveis para o governo federal, para a mídia e para a sociedade brasileira desde o início do mandato do presidente Lula.

Não se percebe a construção de uma política indigenista digna deste nome nem a prática solidária aos povos indígenas, tão obviamente esperada de um governo do Partido dos Trabalhadores, com uma aliança de centro-esquerda, com sérios compromissos populares.

Onde estão as homologações de terra, inclusive da histórica e emblemática terra indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima? Onde estão as demarcações? Onde estão os recursos para garantir os territórios e a vida das comunidades indígenas? Onde está o diálogo do governo com os povos indígenas?

Nada disto é visto. No governo Lula os povos indígenas adquiriram invisibilidade política, insignificância na agenda e nem sombra de importância no orçamento.

Talvez uma palavra sintetize o significado das atitudes do governo com relação aos povos indígenas: desprezo.

Amarrado aos seus compromissos macro-econômicos e às suas preocupações estratégicas com as reformas, o governo não tem tempo nem cabeça para tratar daqueles que são os primeiros a quem um governo popular deve, em termos de resgate das dívidas sociais destes longos 500 anos.

O resultado é este silêncio, é esta condenação a um limbo político, a esta invisibilidade que os povos indígenas não conheciam desde o período da ditadura militar (1964-1985).

A ausência completa de uma política indigenista à altura dos povos indígenas e das expectativas depositadas pela sociedade brasileira no governo Lula, fala mais alto do que a posse do novo presidente da Funai.

É para esta ausência, vivida como desprezo pelos povos indígenas, que o Cimi sente necessário chamar a atenção.

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