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A fragilidade dos povos indígenas

Diário do Amazonas
14 de Nov de 2007

As freqüentes irregularidades constatadas na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que tem entre suas atribuições o atendimento à saúde indígena, estão estimulando o debate sobre a necessidade urgente de sua extinção.

A proposta é de se criar um novo órgão, sem os vícios administrativos que comprometem a eficácia da instituição responsável pela saúde dos índios brasileiros. Mas a história já nos mostra que é necessário muito mais que a criação de um órgão ou transferência de atribuições.

Na década de 90, a Funai foi considerada incompetente para cuidar da saúde indígena e essa atribuição foi transferida à recém-criada Funasa, que implantaria distritos sanitários especiais, para executar política de atendimento à saúde dos povos indígenas diferenciada, adequada à necessidade de cada povo.

Mas o que de fato ocorreu foi o aumento dos casos de doenças nas comunidades indígenas, com registro recorde de óbitos, principalmente de crianças, diante de tantos desmandos administrativos e de sobreposições de um emaranhado de instituições, ONGs, gestores e ações. São vítimas de uma lógica burocrática que em nada se assemelha à dinâmica das sociedades indígenas.

Os índios até hoje não conseguem entender a pulverização das ações e continuam tendo a Funai como sua principal referência em todas as áreas e, mais recentemente, buscam o apoio de narcotráfico e das Farc. É cada vez mais freqüente o convívio entre indígenas, narcotraficantes e guerrilheiros, numa relação em que os índios são usados para traficar e proteger guerrilheiros em troca, muitas vezes, de bebida e droga. Há denúncias até de prostituição.

A comunidade indígena está cada vez mais fragilizada e a morte de Jorge Terena, um de seus líderes, na última sexta-feira em Manaus, só complicou ainda mais a luta pela autodeterminação desses povos.

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