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Fórum debate e busca soluções para as questões

A Crítica, Cidades, p. C3
04 de Nov de 2003

Fórum debate e busca soluções para as questões

Ontem teve início o 1o Fórum Permanente dos Povos Indígenas da Amazônia, com o tema "Políticas Públicas do Estado Brasileiro, na visão dos Povos Indígenas". O evento, realizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), tem como objetivo diagnosticar e analisar as atuais políticas públicas voltadas a essas comunidades e, a partir daí, propor novas diretrizes políticas baseadas nas reais necessidades desses povos.
De acordo com o coordenador geral da Coiab, Gecivaldo Cabral, o fórum está dividido em dois momentos para uma melhor articulação do movimento indígena.
"Nos dois primeiros dias (ontem e hoje), formaremos grupos de trabalho, onde buscaremos conciliar as idéias dos diversos povos da Amazônia sobre temas como biodiversidade, estatuto do índio e órgão federal indigenista brasileiro. É preciso trabalhar de uma forma mais organizada e articulada entre nós para que possamos ter nossas opiniões respeitadas", disse, informando que nesse momento os grupos de trabalho serão formados apenas por líder ancas indígenas e representantes das delegações presentes ao fórum.
O segundo momento do fórum (dias 5 e 6) será destinado a apresentação das propostas formuladas pelos grupos de trabalho ao sub-secretário Geral da Presidência da República, Cezar Alvarez. "Durante o fórum estaremos avaliando a situação atual do governo Lula, pois até agora ele não mostrou a que veio em relação às questões indígenas. Queremos unir forças e levar ao governo nossas propostas. Uma de nossas preocupações é a morosidade nas demarcações de terras. Essa demora já ocasionou o assassinato de 23 líderes indígenas no País", informou Gecivaldo Cabral, acrescentando que no Amazonas, a maior parte das terras já estão demarcadas, mas que o problema ainda existe em algumas áreas, como a do Rio Urubu.
O descontentamento com a atenção dada até o momento pelo governo federal às questões indígenas, também foi citado por outros líderes indígenas durante o primeiro dia do Fórum. Entre essas lideranças estava o vereador Cecílio Correa, da etnia Mura. "0 atual governo era nossa esperança, mas até o momento não foram apresentadas propostas em nosso favor. A votação do Estatuto do Índio, por exemplo, está parada. Nossos direitos não estão sendo respeitados nem pela Funai", declarou.
No Amazonas, segundo o coordenador geral da Coiab, o maior problema enfrentado pelas comunidades indígenas é a sustentabilidade. "O principal problema que enfrentamos é como levar uma vida digna em nossos territórios, pois a maioria sofreu degradação, o que levou a uma escassez de alimentos. Isso dificulta a sustentabilidade dessas populações", contou.
Com o objetivo de fortalecer o movimento indígena, além das lideranças indígenas da região amazônica, também foram convidadas para o fórum, representantes do movimento indígena das regiões nordeste e sul. "A coiab busca fortalecer a luta da Amazônia, e para isso, convidou lideranças do nordeste e do sul do país, para que possamos transformar essa luta em uma luta nacional. Mas para isso acontecer é preciso que o movimento nas regiões esteja solidificado", disse.

A Crítica, 04/11/2003, Cidades, p. C3

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