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Formar professores indígenas é desafio para o MEC no Paraná

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
05 de Abr de 2005

A formação de professores indígenas para trabalhar nas escolas de educação básica nas aldeias Kaingang, Guarani M'Byá e Guarani Nandeva, no Paraná, é o principal desafio que têm pela frente o Ministério da Educação e a Seduc (Secretaria Estadual de Educação). O diagnóstico da realidade da educação escolar indígena no Estado foi feito na semana passada, em Curitiba, pelo MEC, Seduc-PR, Funai (Fundação Nacional do Índio) e lideranças indígenas.

Sobre formação de professores, os participantes do encontro tomaram quatro decisões. A primeira delas é que caberá ao MEC coordenar a proposta de implantação de um curso de formação para professores Kaingang no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Além disso, foi definido que os professores do povo Guarani, que não têm formação completa em nível médio, vão se integrar ao curso de formação guarani desenvolvido por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo; a Seduc-PR deve implantar, com apoio do MEC, nova política de formação de recursos humanos para a educação escolar indígena; e o MEC vai apoiar a edição de materiais didáticos específicos de autoria indígena para uso nas escolas do estado.

O coordenador de Educação Escolar Indígena do MEC, Kleber Gesteira, explica que ficou acertado que o MEC e a Funai vão desenvolver oficinas de formação em políticas públicas para os professores indígenas e que a Seduc-PR vai criar o Conselho de Educação Escolar Indígena. O objetivo é qualificar professores indígenas para assumirem as escolas.

No Paraná, dos 136 professores das 27 escolas das aldeias, 67 são indígenas. Quando o professor não é indígena, a escola usa monitores bilíngües para traduzir os conteúdos das disciplinas --até a 4ª série do ensino fundamental é obrigatória a educação em língua materna. O uso de tradutores é criticado pelas lideranças indígenas, que querem seus professores no centro da sala.

Estadualização

No Paraná, das 27 escolas indígenas duas pertencem à rede estadual, o que está em desacordo com o Plano Nacional de Educação e a Resolução no 3/99, do Conselho Nacional de Educação, que determinam que as escolas indígenas devem ser mantidas pela Seduc.

A estadualização da rede será tema de audiências públicas nos territórios indígenas do estado. O objetivo é fazer os povos participarem das decisões sobre o destino que será dado às escolas. Cerca de 12 mil indígenas (3.362 estudantes) vivem em 21 aldeias no Estado.

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