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Autor: Emile de Souza
08 de Mai de 2024
Organizações indígenas defendem melhorias na educação, saúde e saneamento básico.
No evento que celebra os 10 anos de atuação do Fórum de Educação Escolar e Saude Indigena (Foreeia), a presidente da entidade, Alva Rosa Tukano, defendeu a implementação de uma politica acadêmica que diversifique a formação universitaria de indígenas.
"Aqui a gente cria a luta dentro da universidade, para dizer às universidades que nós existimos e dizer onde precisamos de mais ofertas. Seja graduação ou pós graduação, as universidades do Amazonas não tem uma política de ensino superior, tem apenas políticas afirmativas e são mais voltadas a professores, formar professores, mas nós indígenas não queremos ser só professor, queremos ser médicos, advogados e engenheiros", disse Alva Tukano.
Mais de 100 convidados participam, nesta quarta-feira (8), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) de um ciclo de debates sobre a questão Indígena. Um dos nomes convidados para o evento, o professor Dr. em antropologia da Ufam, Gersem Baniwa, argumentou que a educação deve ser uma prioridade para reduzir as desigualdades.
"Nossa sociedade é uma sociedade profundamente racista, discriminatória e só a educação pode criar uma nova consciência, uma nova mentalidade em que há muitas desigualdades entre nós", disse o doutor Gersem.
O professor ressaltou que a educação é o parâmetro para melhorar as políticas públicas e também garantir uma saúde de qualidade com acesso a higiene, saneamento básico e tratamento de água, além de estruturar a parte alimentar e viabilizar meios econômicos mais adequados ao desenvolvimento regional.
"Nossas comunidades, esporadicamente, sofrem inclusive de subnutrição e fome. Crianças que passam fome e curiosamente quanto mais próximo das grandes cidades, das médias cidades, mais necessidade as comunidades têm. Não adianta trazer tecnologias de longe, que não são adaptáveis e não são conhecidas, não são replicáveis. É importante valorizar todas as tecnologias que são milenárias, que os povos tradicionais indígenas já têm", afirmou o doutor.
Gersem enfatizou que o Amazonas é um estado importante na luta pelos direitos indígenas e que uma das dificuldades educacionais é a falta de recursos dos governos na educação.
"A educação, por mais relevante que seja, é sempre quem recebe menor porção de recursos, os salários mais baixos para professores, para pesquisadores e aqueles que trabalham com a educação", relatou o doutor.
A estudante e coordenadora do Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam), Isabel Cristine Munduruku, disse que são mais de 30 anos de luta do Meiam, que se passou aos mais novos como aprendizado e que apoiam a luta dos professores indígenas.
"Estudantes e professores indígenas sempre estiveram atuando juntos e nesses últimos anos, após a criação do Foreeia, tem se dado de maneira interinstitucional, tratando das demandas da educação escolar indígena, o Foreeia, em nível de educação básica, a partir dos próprios professores e o Meiam em ensino superior, em nível de graduação e pós-graduação. Portanto, isso fortalece as nossas lutas", conta Isabel Munduruku.
Isabel destacou que as instituições precisam atuar em conjunto para melhorar a educação e trabalhar as questões logísticas e geográficas do Amazonas e, por isso, as o Foreeia e Meiam estiveram juntos no Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNAE) para garantir direitos à educação básica de qualidade.
"O Foreia aqui no Amazonas trabalha muito nesse sentido, onde a gente tem reivindicado o ensino médio, muitas aldeias não possuem ensino médio. Então isso afeta muito a vida na comunidade, onde os pais, as famílias, os alunos, eles precisam se locomover até os centros urbanos e isso tem causado várias problemáticas que muitas vezes o Estado não corresponde às nossas necessidades", disse Isabel.
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