VOLTAR

Forca-tarefa: plano esta pronto

JB, Cidade, p.A17
27 de Fev de 2005

Força-tarefa: plano está pronto
Ibama e polícias Federal e estaduais vão combater agressões ao meio ambiente em três parques do estado

Marco Antônio Martins

Menos de uma semana após o assassinato do ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro Filho, 61 anos, na Reserva do Tinguá, em Nova Iguaçu, já está pronto o plano de atuação de uma força-tarefa para combater os principais alvos das denúncias feitas pelo ambientalista: a extração ilegal de palmito, a atuação de caçadores, a exploração de areia e a ocupação irregular do solo. A intenção é fazer pelos próximos 30 dias o que não foi feito até agora, ou seja, a repressão desses grupos. Além do Tinguá, o trabalho da força-tarefa também ocorrerá na Área de Proteção Ambiental (APA) de Petrópolis e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ambos na Região Serrana do estado.
- As três áreas são quase interligadas e sofrem com os mesmos problemas. Além disso, a atuação da força-tarefa não se limitará ao interior dos parques, mas acontecerá nas regiões próximas àquelas em que encontramos acampamentos de caçadores, consumo de carne de caça ou criação de gado - afirmou Diogo Chevalier, chefe da Divisão Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), no Rio.
A idéia é que o grupo comece a atuar ainda nesta semana. Oito funcionários da gerência do instituto no Rio atuarão no grupo junto com policiais civis, militares e federais. O comando da Polícia Militar definiu que 15 homens do Batalhão Florestal integrarão a força-tarefa. Cerca de R$ 60 mil foram pedidos ao Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, de forma emergencial, para custear as diárias, o combustível e a alimentação.
A intenção da força-tarefa é realizar trabalhos pontuais com base em informações que já tenham sido levantadas pelas unidades especializadas na área de meio ambiente das polícias civil e federal. Uma das orientações do governo federal é a de que o grupo tenha atenção para ocupações irregulares realizadas nessas áreas, principalmente, nos limites dos parques com os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Petrópolis e Paracambi.
- Nessas regiões encontramos populações pobres que ocupam as margens de rios de forma desordenada. Não é o nosso maior problema, mas existe - admite o gerente executivo do Ibama no Rio, Edson Bedim de Azeredo.
Para o professor Julio Cesar Wasserman, do Departamento de Análise Geo-Ambiental do Instituto de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, a questão fundiária é um problema comum nos parques e áreas de proteção localizadas no Rio. Além de pequenas residências, Wasserman aponta grupos imobiliários por trás do desmatamento.
- A falta de pessoal dificulta o controle dessas áreas. É preciso pensar que cada centímetro invadido causa um impacto muito grande dentro do contexto global. Essas áreas são verdadeiras relíquias - comenta o professor, lembrando a existência de problemas semelhantes na Reserva de Poço das Antas, no município de Silva Jardim.
A questão sobre a falta de pessoal para a fiscalização é um dos principais problemas do Ibama. Calcula-se que no país exista um fiscal para cada 37 mil hectares. No Tinguá são quatro, o mesmo número para a Serra dos Órgãos. A APA de Petrópolis não tem fiscal. Após a morte de Dionísio, o governo federal decidiu aumentar para 10 o número de agentes na reserva do Tinguá.

JB, 27/02/2005, p.A17

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.