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Força Nacional vai atuar em conflito que deixou um índio morto no MS

O Globo- http://oglobo.globo.com
15 de Jun de 2016

O Ministério da Justiça autorizou o envio da Força Nacional para o município de Caarapó, no Mato Grosso do Sul, onde um índio foi morto e seis ficaram feridos em ataque à comunidade tekohá Tey Jusu ocorrido na manhã da última terça-feira. Quatro indígenas seguem internados em estado grave, entre eles uma criança de 12 anos. O pedido de reforço foi feito pelo governador reinaldo Azambuja.

"A Força Nacional irá auxiliar as Polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, a fim de restabelecer a ordem pública e preservar a incolumidade das pessoas e do patrimônio. Atualmente, a Força já atua no Mato Grosso do Sul, na cidade de Ponta Porã, em apoio às ações de combate aos crimes fronteiriços", informou o Ministério.

O agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza Guarani-Kaiowá, de 26 anos, morreu durante o ataque, do qual participaram cerca de 100 caminhonetes, que chegaram a bloquear os acessos à área ocupada pelos índios.

- Desde agosto do ano passado já ocorreram mais de 25 ataques à comunidades indígenas no estado - afirma Matias Benno Henpel, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), referindo-se ao mês em que ocorreu a morte do índio Simeão Vilhalva, no tekohá Nhenderú Marangatu, no município de Antonio João, na fronteira com o Paraguai, também na região de Dourados.

O Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do país. Segundo dados do IBGE, são 73.295 indígenas, atrás apenas do Amazonas, que tem 168.680.

Nos últimos 14 anos, foi registrado um suicídio de indigena por semana no estado e um assassinato de indígena a cada 12 dias. Neste período, 15 lideranças indígenas foram assassinadas no estado.

O conflito na região é antigo, mas se acirrou depois que a Funai publicou, no dia 13 de maio, o relatório de identificação de uma área de 55,6 mil hectares (556 km²) para criação da Terra Indígena Dourados-Amaambaipeguá, destinada aos guaranis kaiowas. Pouco antes da votação do impeachment pelo Senado, a presidente Dilma Roussef determinou que fossem destravados processos de criação e homologação de terras indígenas em todo o país. Pelo menos nove terras indígenas foram homologadas. Ao assumir o governo, o presidente interino Michel Temer determinou à Casa Civil que iniciasse um "pente-fino" em todas as ações do governo da presidente afastada, a partir do dia 1o de abril

No caso de Caarapó, a publicação do relatório foi publicada no dia 13 de maio. O documento é apenas o primeiro passo do processo de criação da terra indígena, iniciado há oito anos.

Entidades criam frente em defesa dos indígenas

Flávio Machado, coordenador do Cimi no Mato Grosso do Sul, afirmou que mais de uma dezena de entidades da sociedade civil se reuniram nesta quarta-feira em Campo Grande e decidiram criar a Frente Internacional de Defesa dos Povos Indigenas, destinada à promover uma campanha em defesa dos índios no Brasil denunciar os assassinatos de índios no país, principalmente no estado. Um ato público em protesto contra a morte do agente de saúde indígena será realizado em Campo Grande, para marcar o sétimo dia do assassinato. A ideia é fazer outros atos públicos em defesa dos povos indígenas em várias capitais, em datas a serem programadas.

- Os guaranis kaiowás sofrem com a violência, com a desnutrição de suas crianças e têm alto índice de suicídio. São mais de 40 processos de criação de terra indígena no estado, em locais de antigas aldeias, que não são concretizados. Mesmo os que estão em terras indígenas, vivem em confinamento, porque elas são pequenas demais para permitir que consigam plantar e sobreviver - afirma Machado.

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