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Fome Zero para índios está atrasado

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: HUDSON CORRÊA
19 de Set de 2003

Lançado pelo ministro José Graziano (Segurança Alimentar) no dia 14 de abril, em Dourados (219 km de Campo Grande), o programa Fome Zero para índios ainda não saiu do papel. O projeto prevê a aplicação de R$ 5,5 milhões na compra de sementes, de óleo diesel e de máquinas para elevar a produção agrícola das aldeias.
O administrador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio), Jonas Rosa, 50, disse que os índios estão perdendo o período de plantio (arroz, feijão e milho) por causa do atraso. O programa deveria beneficiar 11.330 guaranis, caiuás e terenas da região de Dourados. Em protesto contra o atraso, os índios bloquearam anteontem uma rodovia estadual.
Pelo convênio assinado por Graziano em abril, o governo do Estado ficou responsável por executar o programa. A secretária estadual da Assistência Social, Trabalho e Economia Solidária, Eloísa Castro Berro, disse ontem que R$ 3 milhões dos R$ 5,5 milhões foram liberados "há poucos dias". Segundo ela, o Estado prepara agora as licitações para compra de sementes e insumos agrícolas.
"A preocupação dos índios não é com o dinheiro, mas com o tempo que está se perdendo. A licitação vai terminar em outubro ou novembro. Até a fábrica entregar os produtos, colocar nos caminhões e chegar às aldeias, já vai ser dezembro", afirmou Rosa.
Os índios guaranis e caiuás enfrentam, segundo a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), grave problema de desnutrição. Em aldeias do extremo sul do Estado, a taxa de mortalidade infantil superava no ano passado a marca de 70 por mil nascidos vivos. A média nacional é de 29,6 por mil.
No lançamento do Fome Zero para índios, um grupo de guaranis fez uma apresentação de dança para o ministro Graziano. Na ocasião, o projeto foi apresentado a uma platéia lotada de guaranis e caiuás no ginásio da cidade.
O administrador da Funai disse que já não consegue falar com os responsáveis pelo Fome Zero em Dourados para cobrar a execução do projeto: "Os índios ficam esperando e a pressão é grande".

Outro lado
A Agência Folha procurou a assessoria do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, mas foi informada de que seria difícil ter ontem informações sobre o atraso no Fome Zero para os índios.
O ministério, segundo a assessoria, estava envolvido ontem nos preparativos para a cerimônia de unificação dos programas sociais, que ocorreria hoje, mas foi cancelada. A reportagem ligou no início e no final da tarde para a assessoria. Nas duas ocasiões, deixou telefones para contato

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