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Fome e diarréia matam índios em aldeias da Amazônia

Agência Amazônia - www.agenciamazonia.com.br
Autor: Montezuma Cruz e Chico Araújo
17 de Jun de 2008

Relatórios do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Funai, de organizações não-governamentais de apoio ao índio, checados com a Funasa, revelaram que no Estado do Tocantins morreram, em cinco meses, 15 crianças Apinajé, vítimas de diarréia, vômito, gripe e febre. Em Mato Grosso do Sul a desnutrição matou dezenas de crianças Guarani-Kaiowá. No Pará morreram de infecção intestinal sete crianças Munduruku. No Amazonas, as organizações indígenas queixaram-se do descaso nos serviços de saúde e o alastramento de doenças infectocontagiosas.

Entre os Ianomâmi, em Roraima, os índices de malária voltam com intensidade, por causa do abandono nas ações preventivas em saúde, especificamente nos serviços para o combate ao mosquito transmissor da doença. No Acre, 10 crianças Kaxinauá) morreram em conseqüência da diarréia. Nos estados do Sudeste e do Sul ocorreram dezenas de casos de desnutrição em crianças Guarani e Kaingang, com de mortes em aldeias localizadas em pequenas áreas de terras devastadas pela colonização.

No Maranhão, 14 crianças da aldeia Bananal morreram em 2005 e em janeiro de 2006 ocorreram mais seis mortes por diarréia e desnutrição na região de Barra do Corda. Ainda segundo o Cimi, em Rondônia, a ausência de uma intervenção consistente.

O drama dos Xavante
"Em Mato Grosso o governo assistiu passivamente a morte de crianças Xavante, da Terra Indígena Marawatsede", denuncia o Cimi. Segundo o órgão, essa área, já demarcada e homologada, continua fora do domínio do povo Xavante, já que foi invadida por fazendeiros da região.

No por parte da Funasa causou o alastramento de doenças infecto-contagiosas, a exemplo das hepatites tipos B e C. Três crianças Oro Wari, da aldeia Lage Velho, Terra Indígena Lage, em Guajará-Mirim, morreram por epidemias de gripe, diarréias e surtos de malária.

O pico ocorreu entre dezembro de 2006 e a primeira quinzena de janeiro de 2007. O Hospital Bom Pastor, em Guajará-Mirim, internou 42 crianças entre 1 e 20 de janeiro do ano passado, a maioria com diarréia e sintomas de desidratação. Essas crianças vinham de Lage Velho, aldeia com 250 índios.

Em dezembro de 2007 totalizaram 39 internações, número alto para o universo de 4 mil atendimentos realizado pelo pólo base de Guajará-Mirim. A aldeia Lage Velho fica a apenas 36 quilômetros da cidade e tem fácil acesso. No entanto, conforme o Cimi, é uma das menos assistidas e não tem acompanhamento de profissionais de enfermagem da Funasa.

Sucateamento geral
Mesmo nos estados em que os povos indígenas se encontram articulados e suas organizações têm tido maior controle social sobre a assistência na área de saúde ocorre total sucateamento dos equipamentos médicos e dos veículos que atendem as comunidades. Em diversas localidades, funcionários são obrigados a cruzar os braços devido ao atraso no pagamento de seus salários, a exemplo do que ocorre no Distrito Sanitário Ianomâmi.

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