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Florestas valiosas

O Globo, Economia, p. 22
Autor: VIDOR, George
25 de Fev de 2008

Florestas valiosas

George Vidor

O uso racional das florestas (que dará valor econômico às árvores em pé) pode ser o antídoto para o desmatamento, motivo de vergonha nacional, na região amazônica. Em setembro, isso começa a ser testado na prática, na floresta do Jamari (Rondônia). Um pouco antes, em agosto, será licitado o futuro manejo da floresta Saracá-Taquera, no município de Oriximiná (Pará).

Até o fim do ano, o Serviço Florestal Brasileiro promoverá uma terceira licitação. No caso de SaracáTaquera, de 500 mil hectares de florestas deverão ser explorados cerca de 200 mil, dentro de regras que preservarão o meio ambiente (ela é adjacente a uma reserva biológica, que não pode ser tocada). Em cada trecho catalogado, de mil árvores apenas cinco serão retiradas. Passados seis meses, devido à rápida recomposição florestal, o corte nem chega a ser percebido visualmente.

A floresta Saracá-Taquera fica na região do Rio Trombetas (margem esquerda do Rio Amazonas), na chamada Calha Norte, onde atualmente a atividade econômica se restringe à exploração de minérios (bauxita) e ao garimpo. É uma área pouquíssimo habitada - vejam no mapa: não há quase cidades por ali, mas são encontrados antigos quilombos. Não houve ocupação nem mesmo na época áurea da exploração da borracha. Mais para o norte, na direção da fronteira com as Guianas, estão o Parque Nacional do Tumucumaque e outras unidades de conservação.

Como 75% das terras são devolutas (pertencem à União, a estados ou a municípios), esse modelo de uso racional pode servir de exemplo para as propriedades privadas na Amazônia Legal, muitas das quais hoje obrigadas a manter florestas nativas em 80% de suas áreas (ou pelo menos 50%). O retorno do investimento no uso racional das florestas pode ser da ordem de 18% a 20% ao ano. Não por acaso, já surgiram fundos que se especializaram no negócio.

Se o produtor rural ou o pecuarista se convencer que a floresta em pé é mais valiosa que o corte predatório de árvores, a fiscalização ficará mais fácil, a arrecadação de impostos aumentará e o pesadelo do desmatamento desenfreado pode acabar. Todos sairão ganhando.

O Globo, 25/02/2008, Economia, p. 22

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